PEQUIM, 05 de janeiro (Diário do Povo Online) - A China vai dar ênfase a reforma estrutural do lado da oferta em 2016 para assegurar um desenvolvimento econômico sadio e sustentável. Trata-se de uma iniciativa em tempo oportuno uma vez que este ano marca o início do 13º Plano Quinquenal.
Em uma entrevista exclusiva ao Diário do Povo, um “especialista no assunto” compartilhou o seu ponto de vista sobre os detalhes da reforma estrutural do lado da oferta levada a cabo pela China.
P: Quais são as implicações da reforma estrutural do lado da oferta?
R: Existem inúmeras interpretações sobre o termo. Baseado na situação atual do país, ela pode ser entendida como “lado da oferta + estrutural + reforma”, o que significa que se deve melhorar a qualidade da oferta, reestruturar a economia, realocar os recursos e expandir a oferta.
P: Porque a reforma estrutural do lado da oferta está recebendo tanto destaque neste momento?
R: Decidiu-se pela reforma depois uma análise cuidadosa sobre a situação da economia chinesa. Novos riscos econômicos estão surgindo a partir da queda do crescimento econômico, dos preços das commodities industriais, dos lucros das empresas e da taxa de crescimento das receitas fiscais.
Além do mais, a maioria desses problemas são estruturais, e não cíclicos. Por este motivo, é pouco provável que a China volte a crescer em forma de V, mas antes, deverá ter uma curva de crescimento em forma de L.
Para lidar com este problema econômico no médio e longo-prazo, a metodologia keynesiana não funciona. Assim, para lidar com a raiz do problema, é preciso uma reforma estrutural.
P: Como a China deve reajustar as suas prioridades de trabalho em resposta à reforma estrutural pelo lado da oferta de maneira a alcançar a nova normalidade da economia do país?
R: Dez aspectos devem ter prioridade. O desenvolvimento econômico deve se focar mais na qualidade e na eficácia, enquanto a reforma estrutural pelo lado da oferta deve dar mais ênfase em estabilizar o crescimento econômico.
Além do mais, regulações macroeconômicas devem se focar mais no comportamento do mercado e nas expectativas psicológicas sociais. Uma série de medidas devem ser adotadas para o ajuste da estrutura industrial.
Quando se avança com o processo de urbanização, é necessário manter o foco no povo. É essencial manter o equilíbrio entre população, economia e recursos com o meio-ambiente. Da mesma forma, é preciso ter em mente o território, o espaço, quando uma região busca se desenvolver.
Deve se dar mais atenção à produção e ao consumo que respeitam ao meio-ambiente.
Para melhorar a qualidade de vida das pessoas, deve-se lançar medidas especificas para grupos específicos. Ao mesmo tempo, o papel do mercado, que é decisivo, deve ser melhor utilizado na alocação dos recursos e o processo de abertura da China deve se focar mais numa abertura de alto-nível e nas duas direções.
P: Qual é a melhor maneira para se manter a política macroeconômica na hora de promover a reforma estrutural pelo lado da oferta?
R: De agora em diante, a China deve se esforçar para promover a reforma estrutural do lado da oferta e, ao mesmo tempo, expandir a sua demanda global.
Cinco pilares estratégicos devem ser implantados para dar apoio à reforma: política macroeconômica estável, política industrial precisa, política microeconômica flexível, política pragmática de reforma e política social sólida.
P: Quais são as principais tarefas da reforma estrutural do lado da oferta?
As cinco tarefas principais incluem a redução da capacidade de produção, reduzir o inventário, desalavancagem, redução dos custos e suprir as necessidades imediatas de produção.
P: Algumas pessoas estão preocupadas com o impacto social da reforma. A sociedade chinesa tem capacidade para aguentar a reforma?
R: Durante a reforma, especialmente na hora de reduzir a capacidade excedente de produção e fechar as “empresas zumbis”, é provável que possa haver algum impacto na sociedade.
A turbulência não pode ser evitada completamente, mas vale a pena. Se feita corretamente, a reforma não vai causar qualquer perturbação de longo prazo na sociedade.
Também vale a pena mencionar que existe uma janela temporal para a reforma, mas ela não vai durar para sempre. Os problemas não esperam por ninguém, da mesma forma as oportunidades. Se a China não levar adiante as reformas agora, poderá enfrentar problemas muito mais sérios no futuro.
Edição: Rafael Lima