Rio de Janeiro, 10 dez (Xinhua) -- O Brasil superou a Rússia e é agora o terceiro país do mundo com maior número de presos, segundo um relatório divulgado nesta sexta-feira pelo governo, no qual se informa que até julho do ano passado havia 726.712 pessoas nas prisões brasileiras.
Os dados divulgados pelo ministério da Justiça indicam que o número de presos dobrou desde 2005, quando havia 361.400 pessoas nas prisões do país.
Entre 2014 e julho de 2016, o Brasil ganhou 104 mil novos presos, desbancando a Rússia e superado apenas pelos Estados Unidos e China.
O país também tem a terceira maior taxa de detenção por 100 mil habitantes (342) desde o ano de 2000, quando superou a China (119). O índice só é mais baixo do que o dos norte-americanos (698) e o da Rússia (445), e é o único que registra crescimento contínuo desde 1995.
Os números mostram ainda que o Brasil tem uma média de dois presos por cela, já que a capacidade prisional do país é de 368 mil internos.
"Houve um pequeno aumento das unidades prisionais a partir de 2014, mas não foi suficiente para receber a massa carcerária que vem aumentando no Brasil. Então, o que temos é um aumento da população carcerária e praticamente, uma estabilidade no que se refere à oferta de vagas e à oferta de estabelecimentos prisionais", explicou o diretor do Departamento Penitenciário Nacional, Jefferson de Almeida.
Por esta razão, a taxa de ocupação das penitenciárias saltou de 188% para 197% entre 2014 e 2016, ou seja, há dois presos para cada lugar nas prisões do país. Na prática, nove de cada dez presos vivem em unidades superlotadas.
Uma resolução do ministério da Justiça de novembro do ano passado recomenda que o limite da superlotação seja no máximo de 137,5%, mas o índice é superado em todos os estados brasileiros.
Em maio, em um reunião em Genebra, o Brasil se comprometeu a reduzir sua população carcerária em 10% até 2019, depois de receber pressões por parte da comunidade internacional.
Do total dos presos no Brasil, 40% são provisórios, o que significa que ainda não foram julgados.
As prisões regionais abrigam 94,8% dos presidiários, outros 5% são custodiados em delegacias de polícia ou outros espaços das secretarias de segurança pública e menos de 1% está em prisões federais.
São Paulo, o estado mais populoso do país, é o que concentra a maior população de internos (240.061), seguido por Minas Gerais (sudeste), com 68.354.
A metade dos presos brasileiros tem entre 35 e 45 anos e 64% dos internos do país são negros ou mulatos, enquanto os brancos somam 35%.
Em termos de escolaridade, seis de cada dez presos são analfabetos ou têm apenas a educação básica incompleta.