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Relação bilateral entre Brasil e China é sustentada por muitos pilares, diz cônsul-geral do Brasil em Shanghai

Fonte: Diário do Povo Online    28.12.2021 16h58

Por Beatriz Cunha e Fátima Fu

O Consulado-Geral do Brasil em Shanghai, cobre Shanghai e as províncias de Zhejiang, Jiangsu, Anhui e Shangdong, e está localizado numa das partes mais ricas da China. A jurisdição do Consulado possui 340 milhões de pessoas, uma dimensão populacional bem maior do que a população brasileira, que ultrapassa pouco mais de 214 milhões pessoas. O PIB da área consular é de 5 bilhões de dólares, superior ao da República Federal da Alemanha, afirmou o cônsul-geral do Brasil em Shanghai Gilberto Moura em entrevista exclusiva ao Diário do Povo Online.

Devido à sua localização, os maiores contatos são provenientes de Shanghai, no entanto, há também grande aproximação com as comissões de Comércio, de Ciência e Tecnologia, de Meio Ambiente, e de Cultura, esse contato se estreitou especialmente devido à pandemia.

Com as missões diplomáticas regulares que ocorriam antes da pandemia da Covid-19, para atender às pautas de interesses próprios de estados ou seus municípios, foi necessário o estabelecimento de contatos institucionais.

Em meio a tantos contatos, esse ano marca as “Bodas de Prata” entre a província de Jiangsu e o estado brasileiro de Minas Gerais, celebradas com a doação de 170 livros brasileiros à Shanghai em maio deste ano pelo Conselho Brasileiro de Cidadãos em Shanghai e a abertura em novembro da Livraria Jiangsu, com mais de 1.600 obras chinesas.

O cônsul-geral vê cooperações regionais como esta como um fator enriquecedor para as relações bilaterais entre Brasil e China. “A literatura é uma forma de aproximar, então foi bom para os brasileiros conhecerem mais sobre a China, e os chineses mais sobre o Brasil”, disse ele.

“É claro que, tudo, na história dos países, na história das pessoas, dos povos, sempre tem uma liderança, sempre tem que ter alguém líder, que pense, que ajude, que construa, que tenha vontade de fazer as coisas”, avaliou Gilberto Moura sobre a irmandade entre os dois países, acrescentando que com as plataformas de aproximação e um trabalho contínuo é possível atender às necessidades inerentes de cada estado e realizar “bons casamentos” entre Brasil e China.

O cônsul destacou o empenho do Brasil em aprimorar as relações bilaterais com a China. Além das relações bilaterais, ele mencionou o segmento inter-regional BRICS, exemplo de um mecanismo “muito importante”.

Segundo ele, o Bando de Novo Desenvolvimento do BRICS (NDB, na sigla em inglês), presidido pelo brasileiro Marcos Troyjo, é um excelente exemplo de sustentabilidade. “Nós temos muito alicerce, muitos pilares que sustentam a nossa relação bilateral”, enfatizou Gilberto Moura.

As instituições brasileiras na China mantém a forte sintonia da irmandade entre os dois países. A parceria entre a Agência Brasileira de Promoção das Exportações (Apex), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil e o Setor de Promoção Comercial e de Investimento do Consulado-Geral do Brasil em Shanghai, conhecido como SECOM, assim como outras plataformas, como o Banco do Brasil de Shanghai, e associações comerciais voltadas especialmente para empresas de pequeno e médio porte tem ampliado a consistência dos acordos bilaterais que vem sendo realizados entre o Brasil e a China, disse Gilberto ao Diário do Povo Online.

O cônsul citou a quarta edição do evento "Brasil, A Nação do Café", realizada em 3 de dezembro no Centro de Exposição e Comércio de Importações de Hongqiao, em Shanghai, que na sua visão permitiu um espaço para apresentar os cafés especiais do Brasil de modo extremamente interessante e dinâmico, resultando em excelentes negociações.

Gilberto acredita que a presente atuação conjunta dos dois países é benéfica para todos e antevê que no futuro muitos outros estados brasileiros marcarão presença no território chinês.

De modo descontraído, o cônsul ilustrou a positiva relação entre o Brasil e a China: “o Brasil é um dos maiores fornecedores de minério de ferro para a China. Nós brincamos dizendo que nós alimentamos a China e construímos a China. Porque nós oferecemos muitos produtos agrícolas, como a soja que se sobrepõe, mas também produtos básicos como o minério de ferro, que é muito importante para a infraestrutura“.

E no que se refere às importações e exportações, segundo ele, a China tem tido um cuidado “primoroso” nesse setor, com a realização da Exposição Internacional de Importação da China (CIIE), que teve a sua quarta edição realizada entre os dias 5 a 10 de novembro em Shanghai.

Gilberto Moura, que participou de todas as edições da CIIE afirma que de antemão já era possível afirmar que se tratava de “uma grande aposta chinesa para comprovar ao mundo sua abertura, seu interesse de ter uma relação nos dois caminhos, de importação e exportações”.

Ele lembra que as duas primeiras edições ocorreram num período pré-pandêmico, e portanto, contou com a visita do chanceler brasileiro e alguns ministros brasileiros, “foi um movimento muito grande”, lembra ele, acrescentando que os ajustes e melhorias são perceptíveis.

Este ano, a participação se deu, em grande parte de modo online, no entanto, empresas como a Associação de Cafés Especiais, Associação Brasileira de Proteína Animal, JBS, puderam ser bem representadas e, embora ainda não seja possível apresentar um balanço apurado, as aprefeiçoações realizadas na CIIE certamente “vão gerar um saldo muito positivo”, adiantou ele.

Gilberto afirmou que Brasil e China tem muito o que aprender um com o outro, e destacou que a irmandade entre os dois países tem resultado em excelentes acordos de cooperação ganha-ganha em diversos setores, inclusive na área de infraestrutura, planejamento urbano, de assistência médica, com destaque para a experiência com o desenvolvimento coletivo da vacina contra a Covid-19. E conclui que o acerto de ambas as nações está em “saber aproveitar o momento e fazer um chute a gol, como se diz no futebol”. 

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