Beijing, 30 de jul (Diário do Povo Online) - Os chefes de Estado da China e da Turquia, Xi Jiping e Recep Tayyip Erdogan, declararam, quarta-feira última (29), em Beijing, combate cerrado ao terrorismo.
Os dois estadistas assinaram ainda um memorando para reforço da cooperação e investimento entre os dois países no âmbito da análise dos recentes acontecimentos que têm manchado a relação entre os dois países.
“O governo turco apoia firmemente a soberania e integridade do território chinês e opõe-se aos atos terroristas, tais como o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental que atua na China”, disse Recep Erdogan, tendo garantido reativar as relações que de algum tempo a esta parte “encontravam-se adormecidas”.
Durante a reunião, realizada no Grande Palácio do Povo, foram também abordadas questões ligadas aos protestos anti-China na Turquia assim como a “alegada repressão” do governo chinês em relação a minoria ética Uigar de Xiang, noroeste da China, que partilha laços culturais com os mulçumanos turcos.
Xi Jinping disse, por seu lado, que “Beijing nega qualquer restrição para com a etnia Uigur” e acusou o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental de empreender campanhas violentas em busca de um “estado independente” em Xinjiang, além de estar recrutando simpatizantes para os submeter ao treinamento militar no Médio Oriente.
Xi disse ainda que a China apreciou o compromisso do governo turco de “nunca permitir que qualquer indivíduo em seu território prejudique a soberania e integridade territoriais da China”, tendo solicitado “uma cooperação mais estrita” na aplicação da Lei.
Durante uma conferência de imprensa ao lado do seu homólogo da Turquia, o presidente chinês disse: “as relações China-Turquia terão um futuro muito brilhante e de grande potencial”.
O vice-ministro das Relações Exteriores da China, Zhang Ming, disse, no final do encontro que tanto a China como a Turquia são “vítimas do terrorismo”, tendo garantido a continuidade da cooperação na defesa.
A embaixada chinesa na Turquia advertiu no início do presente mês aos cidadãos que pretendem viajar para aquele país sob a onda de ataques contra a população chinesa, tendo a orquestra chinesa cancelado o concerto previsto para agosto em Istambul.
O antigo enviado especial chinês para os assuntos do Médio Oriente, Wu Sike que as ligações entre os uigures e mulçumanos turcos deveriam servir como uma relação de amizade, em vez de se traduzir numa “alavanca explorada” por certas forças para os seus objetivos particulares.
"A visita de Erdogan é uma boa oportunidade para conhecer claramente as preocupações de cada país, especialmente quando a Turquia tem procurado no oriente maiores oportunidades de cooperação", disse Wu.
Xi Jinping reiterou a pré-disposição do seu governo em unir as suas iniciativas transcontinentais como a “Rota da Seda” à estratégia de desenvolvimento da Turquia e reforças a cooperação em vários setores, incluindo o comércio, investimento e turismo.
A China é o segundo maior parceiro da Turquia, depois da Alemanha, com o valor das transações bilaterais estimado em 23 bilhões de dólares no ano passado (2014). No entanto, a Turquia tem sofrido um grande déficit em relação a China.
O jornal turco, Daily Sabah refere que a visita de Erdogan à China, acompanhado de uma grande comitiva empresarial deverá contribuir, em grande medida, na transformação daquele pais em uma grande potência econômica na região Ásia-pacífico.
“Os empresários turcos estão virando as atenções para o mercado asiático, devido à instabilidade política nos países vizinhos e uma lenta recuperação econômica da União Europeia”, revela o jornal turco.