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China tornou-se maior credor de Moçambique

Fonte: Diário do Povo Online    04.08.2015 14h34

Beijing, 4 de agosto (Diário do Povo Online) - A China transformou – se no maior credor de Moçambique, depois de ter aumentado em 160 por cento, desde 2012, o financiamento ao país, onde estão a ser preparados importantes investimentos com capitais deste país asiático.

O peso do financiamento da China em Moçambique deverá continuar a crescer, face aos valores atuais do crédito bilateral concedido, com um novo empréstimo de 400 milhões de dólares norte-americanos recentemente anunciado.

O novo empréstimo destina-se à construção de uma linha de transmissão de energia eléctrica de 600 quilómetros entre as províncias da Zambézia, no centro, e de Nampula, norte do país, segundo informações avançadas pelo Governo moçambicano.

Agência de Informação de Moçambique (AIM) escreve que deverá iniciar, em breve, a construção da central norte do aproveitamento hidroelétrico de Cahora Bassa, projeto avaliado pelo Governo moçambicano em 413 milhões de dólares (368 milhões de euros) que conta com interesses da “China Three Gorges e da State Grid”.

A State Grid pretende ainda financiar e construir a central hidroelétrica de Mpanda Nkua, projetada para ser a segunda maior hidroelétrica do país que foi entregue a construtoras brasileiras em 2010, mas que desde então deparou com dificuldades.

Segundo dados compilados pelo BPI, banco português, no seu último relatório sobre Moçambique, a dívida total à China estava em 886 milhões de dólares em 2014, mais 160 por cento do que em 2012, quando o principal credor de Moçambique era ainda Portugal.

A dívida à China representa já cerca de um terço do total da dívida de Moçambique, que quase duplicou desde 2010.

Para o aumento recente da dívida “contribuíram essencialmente a contratação de empréstimos bilaterais com a China, que representaram cerca de 70 por cento dos novos desembolsos em 2014”, a par de empréstimos multilaterais, refere o relatório do BPI.

O recurso ao financiamento externo tem sido uma forma de Moçambique compensar as quebras nas receitas extraordinárias e donativos, que se traduziram num aumento do défice orçamental do Estado.

O BPI prevê que a dívida pública continue, neste cenário, a aumentar para “patamares considerados elevados para um país com o nível de desenvolvimento de Moçambique”, e recomenda a ação ao nível do défice público, mesmo tendo em conta que o esperado crescimento econômico tenderá a “diluir os níveis de dívida”.

No ano passado, o ritmo de expansão da economia continuou “elevado”, afirma, acima dos 7 por cento pelo quarto ano consecutivo, graças aos setores da indústria extrativa, construção e serviços financeiros.

Este ano, é possível que o crescimento “desacelere ligeiramente” em relação aos 7,5 por cento estimados pelo Governo de Moçambique, mas ainda assim “as perspectivas econômicas para Moçambique se mantêm amplamente positivas, com taxas de crescimento robustas potenciadas pelos mega -projetos e taxas de inflação reduzidas”.

Alguns recuos recentes de investimentos no setor do carvão, devido à queda da cotação desta matéria-prima, têm sido compensados por novos acordos assinados, nomeadamente com empresas chinesas, afirma o BPI. 

(Editor:Renato Lu,editor)

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