A China deu início a um período de testes para a doação de órgãos em 2010, ao qual se seguiu a promoção da prática em todo o país em 2013.
As doações atingiram um recorde no ano passado, após ter sido banido o uso de órgãos de prisioneiros executados, disse Huang Jiefu, o ex-vice-ministro da saúde.
O número de doadores na China atingiu os 2,766 no ano passado, assim como mais de 10000 cirurgias, superando os números de 2013 e 2014, disse Huang.
A China cessou o uso de órgãos de presidiários executados em cirurgias de transplante a 1 de janeiro do ano passado. As doações voluntárias dos cidadãos passaram assim a ser a única fonte.
Estatísticas da Comissão Nacional de Saúde e de Planeamento Familiar demonstram que as doações de órgãos têm aumentado rapidamente.
A média de doações de órgãos por milhão de pessoas atingiu 1,2 em 2014 - 60 vezes mais do que o nível de 2010 - disse a comissão. No ano passado a média foi de 2,1 por milhão de pessoas, disse Huang.
“No ano passado a taxa de sucesso das cirurgias de transplante na China foi também o mais alto. Isso poderá dever-se ao facto dos órgãos terem sido doados por cidadãos comuns ao invés de presidiários executados”, disse Huang, que também é diretor do Comité Nacional de Doação e Transplante de Órgãos.
O progresso da doação e transplante de órgãos na China recebeu também o reconhecimento do mundo.
Em agosto do ano passado, Huang foi um dos galardoados do Prémio Internacional da Paz Gusi. Este é o prémio de referência na ásia para honrar contribuições para a paz global e o progresso.
Huang foi recompensado pelas suas contribuições marcantes na medicina, incluindo a “orquestração de toda a reforma de transplantes, cessação do uso de órgãos de prisioneiros executados, e de desenvolver o enquadramento social, legal e clínico necessário para permitir a doação de órgãos em grande escala na China”.
Em agosto, uma conferência internacional sobre o tema terá lugar em Hong Kong, onde também ocorrerá uma cerimónia para marcar o 50º aniversário da Sociedade de Transplante.
Beijing vai receber também, em outubro, uma conferência internacional alusiva à doação de órgãos.
Huang, também membro do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPCh), disse que fez uma proposta para que a cirurgia de transplante de rins seja abrangida pelo seguro de saúde básico da China.
O transplante é um meio eficiente de tratar enfermidades dos rins, mas têm geralmente custos elevados.
“O transplante de órgãos tornou-se numa causa de interdependência social”, disse Huang. “Todos os órgãos sãos doados de forma gratuita, e todos devem ter os mesmos direitos de receber serviços de transplante. Ninguém deve ser recusado por ser pobre.”
Edição: Mauro Marques