Por Zhang Mengxu
Um trem-bala é testado na Estação Ferroviária Yongjibei, entre Datong e Xi’an.
(Foto: Diário do Povo Online)
Nas coletivas de imprensa regulares organizadas pelo Ministério das Relações Exteriores da China, os jornalistas ocidentais demonstram sempre interesse pela cooperação da China com países vizinhos na construção de ferrovias de alta velocidade, sobretudo as dificuldades e desafios desse processo. No entanto, haverá a possibilidade de terem ignorado uma notícia mais preponderante ainda: com a atualização da tecnologia chinesa, representada pelo vanguardismo da construção de caminhos-de-ferro de alta velocidade, a marca “Fabricado na China” está a experienciar uma mudança.
De acordo com o relatório de trabalho proferido pelo primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, na abertura da 4ª sessão anual da 18ª Assembleia Popular Nacional (APN), no dia 5 de março, a distância total da ferrovia chinesa atingiu 121 mil quilômetros, dos quais mais de 19 mil quilômetros são de alta velocidade, representando 60% da rede mundial. Ainda segundo o relatório, a distância da ferrovia de alta velocidade a operar no país deverá atingir os 30,000 quilômetros no ano de 2020, cobrindo 80% das grandes cidades.
O desenvolvimento da ferrovia de alta velocidade no país asiático atravessa um ritmo estonteante, como escreveu Julie Makinen, a correspondente do jornal americano Los Angeles Times, em um artigo publicado após a sua viagem de Beijing à província de Shanxi: “Durante o desenvolvimento vertiginoso da China, um feito alucinante é rapidamente enegrecido por um outro ainda mais esmagador.”
Concomitantemente, a China acelerou os seus projetos de alta velocidade no estrangeiro, obtendo alguns progressos notáveis. Segundo Xu Shaoshi, diretor da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, a China já iniciou a construção de caminhos-de-ferro em países como a Indonésia, Laos, Tailândia, Sérvia e Hungria. Mais se acrescenta que a China está a promover a construção de uma ferrovia que liga Moscovo e Kazan, na Rússia, e uma outra que conecta Las Vegas a Los Angeles, no oeste dos EUA.
O especialista de construção ferroviária, Wang Mengshu, também deputado da APN, disse que a China está em negociações com 30 países para a construção de ferrovias de alta velocidade, incluindo os EUA, Rússia, Brasil, Tailândia, Turquia, Arábia Saudita e Irã. “O projeto na Indonésia sob a tutela Chinesa irá despertar a atenção de mais países, que almejam ter um sistema de transporte eficiente para promover a interligação regional e estimular o crescimento econômico, ” afirmou.
“Em comparação com a Alemanha e a França, a China deu mais tarde início à construção de ferrovias de alta velocidade, porém, registra um desenvolvimento rápido graças a vantagens de custo, de prazos de entrega razoáveis e um modelo de financiamento flexível”, afirmou Wang, acrescentando que os fabricantes chineses se encontram ansiosos por competir com os rivais tradicionais da Europa, com o Japão e com o Canadá. Ele revelou que na próxima etapa, a China vai pesquisar “trens inteligentes”, que utilizarão tecnologias digitais para controlar a velocidade, as condições internas nos vagões e para a deteção de falhas.
“A ferrovia de alta velocidade da China mudou minha vida, e espero que venham a haver empreendimentos destes na Turquia,” disse um “colarinho-branco” turco ao Diário do Povo na inauguração da ferrovia que liga Istambul a Ancara, a capital do país. Este caminho-de-ferro foi a primeira linha de alta velocidade construída pela China no ultramar, assim como foi o primeiro pedido na Europa.
A China tem a capacidade de fabricar e exportar trens-bala e equipamentos relacionados de alta qualidade, o que poderá renovar a imagem chinesa no cenário mundial. No dia 9 de março, A China Railway Rolling Stock Corp, uma subsidiaria da CSR Sifang America, fechou um acordo de US$1.3 bilhão para fornecer 846 vagões de metrô para o Departamento de Transito de Chicago. A CSR Sifang America, que será o primeiro fabricante de trens em Chicago dos últimos 35 anos, vai proceder à montagem dos vagões no local e criar potenciais 169 postos de trabalho na cidade. O primeiro lote de trens deve ser entregue em 2019 e entrar em operação no ano seguinte.
Edição: Renato Lu
Revisão: Mauro Marques