Um estafeta da empresa ele.me prepara-se para entregar refeições.
O serviço de entrega de refeições online ele.me encontra-se sob escrutínio pelas autoridades de Shanghai, após uma exposição mediática na terça-feira, onde é possível ver vendedores sem licença a fazerem o uso do aplicativo para vender alimentícios.
A empresa, sediada em Shanghai, está entre um grupo de empresas na lista negra elaborada pela televisão estatal, CCTV, num programa alusivo ao Dia Mundial dos Direitos do Consumidor.
As autoridades de segurança alimentar de Shanghai disseram na quarta-feira que lançaram uma investigação à empresa em novembro, devido a suspeitas de vendedores sem licença operarem através do aplicativo da empresa. Após a exposição mediática de terça-feira, as autoridades emitiram uma coima de 120,000 yuans e lançaram uma nova investigação.
O relatório indica a existência de um certo laxismo da ele.me em filtrar os vendedores que podem ter acesso aos seus serviços. A incapacidade da empresa de se assegurar que os vendedores a operar sob a sua alçada estavam todos devidamente certificados e acreditados esteve no encalce de um problema de saúde pública.
A nova lei de segurança alimentar da China, em operação desde outubro, requer que a venda de alimentícios online e que as plataformas de entrega registem devidamente os vendedores sob os seus nomes e qualificações reais.
Alguns vendedores inscritos na ele.me que se auto publicitam como restaurantes limpos e modernos são, em muitos casos, pequenas cozinhas com problemas sanitários e sem qualquer licença para operar no ramo.
Embora o comércio eletrónico seja um dos poucos pontos de enfoque numa economia chinesa cada vez mais vagarosa, os serviços online são cada vez mais sujeitos à inspeção mais profunda por parte dos meios da imprensa e dos reguladores. Tal justifica-se devido à incapacidade dos regulamentos atuais supervisionarem de forma eficiente os novos modelos negociais que continuam a surgir.
As vendas online totalizaram mais de 12% do total das vendas a retalho na China no ano passado e deverão conseguir uma fatia ainda maior, à medida que o comércio eletrónico continua a crescer.
A ele.me conta com um cardápio de empresas chinesas de renome no setor da internet como financiadores. Em dezembro, o gigante de comércio eletrónico Alibaba investiu 1,25 bilião de dólares na empresa, adquirindo 27,7% da sua cota e tornando-se assim no maior acionista.
Além de expor várias cozinhas com condições de higiene comprometedoras, a CCTV revelou também que um especialista de mercado da ele.me no norte da província de Hebei terá ajudado o repórter, fingindo ser um vendedor sem licença, e inscrevendo-se no website da empresa.
Após a exposição do caso, vários membros das autoridades efetuaram rusgas a vários restaurantes sem licença a operar para a empresa lesada.
A empresa terá afirmado na terça-feira à noite ter removido todos os vendedores sem licença envolvidos na exposição feita pela imprensa e comprometeu-se a rever as qualificações de todos os restantes.
Cerca de 500,000 restaurantes e vendedores estariam inscritos na ele.me, estando expostos a 40 milhões de utilizadores, espalhados por mais de 300 cidades chinesas.
Uma investigação levada a cabo pelo Conselho de Consumidores de Shanghai no final do ano passado concluiu que a falta da qualidade dos serviços é um problema partilhado pelas empresas de entrega de refeições online.