Um investigador verifica plantação de milho numa estufa que contém milho natural e geneticamente modificado no Syngenta Biotech Center em Beijing, a 19 de fevereiro de 2016.
A China irá continuar a desenvolver variedades resistentes a doenças, secas e pestes.
O país irá continuar a reforçar a supervisão do mercado de sementes para prevenir a cultivação e comercialização ilegal de variedades geneticamente modificadas, disse um oficial do setor agrícola na quarta-feira, após terem sido detetados vários casos de cultivo ilegal pelas autoridades no ano passado.
Porém, Liao Xiyuan, diretor do departamento de Ciência, Tecnologia e Educação do Ministério da Agricultura, afirmou numa conferência de imprensa na quarta-feira que o país pondera o impulso do cultivo comercial de estirpes de milho resistentes a pestes durante os próximos 5 anos.
Liao disse que o país irá incrementar a supervisão de plantações geneticamente modificadas ao nível das fases de investigação e desenvolvimento, registo, e produção, de modo a prevenir que variedades não-autorizadas deem entrada no mercado.
A autoridade irá também estar focada nas estações-chave do setor agrícola e monitorizar de perto as vendas de empresas a operar no ramo, especialmente em áreas rurais.
Liao disse que as autoridades na província de Liaoning investigaram recentemente três casos de cultivo ilegal de milho geneticamente modificado, que coincidiram com um relatório emitido pelo Greenpeace em janeiro - o qual referia precisamente o facto de que agricultores estavam a cultivar milho ilegalmente.
Em 2015 as autoridades destruíram mais de 66 hectares de plantações de milho na Região Autónoma de Xinjiang e na província de Gansu. Na província de Hainan, as autoridades procederam à destruição de 6 hectares de plantações de milho geneticamente modificado.
Liao afirmou na conferência que, durante os próximos 5 anos, uma estirpe de milho geneticamente modificado poderá tornar-se na primeira a ser universalmente comercializada a nível nacional.
A China autoriza a importação de sementes de soja, milho e canola, sendo a maioria das quais utilizadas na produção de óleo e ração para animais.
O oficial avançou que a China irá promover estratégias industriais que enfatizem colheitas comerciais, cujo propósito seja o de abastecer a indústria com matérias-primas, durante o 13º plano quinquenal.
Novas variantes de algodão e milho resistentes a pestes serão dois produtos-chave a serem promovidos para o cultivo comercial, disse.
A promoção da tecnologia de modificação genética irá seguir um processo de categorização tripartido: plantações de produtos agrícolas não-comestíveis (tal como o algodão); plantações de produtos “indiretamente comestíveis” – como aquelas que se destinem essencialmente a rações para animais e materiais industriais –; e plantações destinadas ao consumo alimentar.
“A aprovação de produtos geneticamente modificados destinados ao consumo alimentar massificado será colocada em segundo plano”, disse Liao, acrescentando que o país, neste momento, priorizará o desenvolvimento de variedades que sejam resistentes a doenças, pestes e secas.
Wu Kongming, presidente do Comité Nacional de Biossegurança, está responsável pelos organismos dedicados à alteração genética de produtos agrícolas. De acordo com o próprio, a China detém um processo de avaliação e aprovação muito restrito. Porém, o sentimento popular de aversão face a estes produtos é generalizado – especialmente após a circulação de rumores por parte da imprensa.
Wu deu o exemplo de duas variedades de arroz geneticamente modificado a serem desenvolvidas na China que foram já submetidas a 11 anos de testes de avaliação de segurança por investigadores.
“Só refutando os rumores será possível providenciar um clima propício ao desenvolvimento sustentável da tecnologia de modificação genética”, afiançou.
Edição: Mauro Marques