Os principais motivos por detrás desta quebra serão a “desindustrialização” e a dependência acentuada no estrangeiro. Relativamente à indústria, nos últimos 10 anos, a prevalência dos produtos do setor primário alimentaram a “desindustrialização” brasileira, resultando numa contribuição insuficiente por parte da indústria para a economia do país. O resultado foi a queda dos preços dos bens do setor primário e a perda de equilibro económico. Concomitantemente, a queda do comércio internacional veio colocar ainda mais pressão sobre as finanças nacionais.
Devido à performance positiva das políticas sociais do período de Lula e do início do mandato de Dilma, ambos granjearam de uma taxa de popularidade acima dos 80%. É, porém, lamentável que o PT tenha falhado em adaptar as políticas às novas circunstâncias, preterindo-as em função da manutenção do lema “combate à pobreza através da distribuição do dinheiro”. Deste modo, sob forte pressão económica, a política adotada pelo PT não só não perdeu a base de sustentabilidade, como começou a apresentar sinais de detioração.
Independentemente de que Dilma seja deposta ou não, a política brasileira irá dar entrada numa etapa de reformulação. Tal cenário irá restringir duramente a capacidade da liderança do país fazer frente à profunda crise económica em que o Brasil está mergulhado.
De modo a evitar a consumação do infame “impeachment”, restam a Rousseff duas saídas: A primeira, a demissão voluntária. Contudo, atentando às declarações recentes da presidente, este parece ser um cenário improvável. Em segundo lugar, antecipar eleições. Tal hipótese já tem vindo a ser discutida há alguns dias no interior do partido. A realização de novas eleições parece ser também do agrado dos integrantes da Câmara dos Deputados, incluindo daqueles que votaram a favor do impeachment. A população parece ser também favorável à realização de novas eleições. Por último, a subida ao poder de Temer também não é popular entre os principais partidos da oposição (PSDB, DEM). Deste modo, e devido ao nível de popularidade de Temer ser sensivelmente o mesmo de Dilma, esta poderá ser uma hipótese vantajosa para todas as partes envolvidas.
Edição: Mauro Marques
(O autor é o director executivo do Centro dos Estudos do Brasil da Academia Chinesa de Ciencias Sociais)