Universidade de Coimbra
Por ocasião do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura dos Países da CPLP, a 5 de maio, o Diário do Povo Online entrevistou João Gabriel Silva, o reitor da Universidade de Coimbra.
A instituição em questão quase dispensa apresentações, pois os vários méritos constantes no espólio daquela que é uma das universidades mais antigas da Europa falam por si: única universidade na lusofonia entre os séculos XIII e XX – formando a elite cultural e científica do espaço lusófono e conferindo à instituição um papel decisivo na língua e na cultura portuguesas; uma das 5 universidades do mundo registada como património mundial da UNESCO; mais de 90 anos de ensino ininterrupto de português como língua estrangeira; são apenas alguns dos dados a reter.
Quando se trata de colocar as atenções no oriente, João Gabriel Silva foi taxativo: “Temos uma consciência muito clara que as relações económicas entre a China e os países de língua portuguesa são muito fortes e continuam a crescer”. Na sua ótica, “um dos principais fatores que limitam o desenvolvimento dessas relações económicas é a falta de chineses que dominem a língua e a cultura portuguesa, e de naturais dos países de língua portuguesa que façam o inverso em relação à China”.
João Gabriel Silva, o reitor da Universidade de Coimbra
Com o ensino da língua assegurado, o líder da universidade portuguesa avança com uma nova etapa ambiciosa que, como argumenta, se destina a preencher uma lacuna evidente no mercado laboral sino-lusófono: “Existe uma procura muito grande, mas não há quase ninguém no mercado que ao mesmo tempo domina a língua portuguesa, mas também alguma área de conhecimento… ser jurista, economista, engenheiro… isso quase não há, e é muito procurado pelas empresas chinesas”.
Com um panorama de intercâmbio já consolidado pela “colaboração intensa com dezenas de universidades chinesas” - traduzidas numa população estudantil de 400 estudantes chineses no presente ano letivo - a UC tenta agora transmitir “aos estudantes chineses o valor de irem tirar um curso completo em Coimbra”.
Como prova do esforço de compreensão da realidade chinesa, o reitor afirma que a instituição reconhece atualmente o “gaokao”, ou seja, as provas chinesas equivalentes aos exames nacionais em Portugal, ou ao vestibular no Brasil. “Nós atualmente já reconhecemos o gaokao. Os vários parâmetros do gaokao são vistos de forma diferente. Como é óbvio, entrar em Engenharia não é o mesmo que entrar em Direito.”
Para suprir as possíveis dificuldades inerentes ao domínio da língua portuguesa, a UC oferece agora “um programa específico para a aprendizagem acelerada da língua. Temos um ano inicial em que conseguimos dotar um aluno sem nenhum conhecimento do português de um nível suficientemente sólido para conseguir assistir às aulas e tirar um curso, independentemente da área”.
A Universidade de Coimbra apresenta-se assim como uma séria candidata para os chineses cujo objetivo seja a obtenção de uma formação integral, não apenas ao nível do idioma, mas também de outra área de conhecimento, capacitando-os para operar no contexto sino-lusófono.
Edição: Mauro Marques