A visita do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, a Pearl Harbor, pode ser considerada um “gesto hipócrita”, pois visa fortalecer a relação com os Estados Unidos, e não demonstra qualquer reflexão sobre os crimes cometidos na Segunda Guerra Mundial pelo Japão, apontam analistas.
Yoshihide Suga, secretário-geral do Gabinete do Japão, afirmou na terça-feira, que Abe não pedirá desculpa pelo ataque surpresa contra Pearl Harbor, que vitimou mais de 2 mil americanos e despoletou a entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial.
“A visita de Abe tem como objetivo relembrar e consolar as almas dos que faleceram na guerra, e não pedir desculpas”, disse Suga em uma coletiva de imprensa.
Abe informou, na segunda-feira, que vai visitar Pearl Harbor em dezembro na companhia do presidente norte-americano, Barack Obama, se tornando o primeiro líder japonês a visitar o local, 75 anos após o ataque japonês contra o Hawaii, em 1941.
A recusa de Abe em pedir perdão causou alguns protestos nas redes sociais chinesas.
Chang Ray, um blogger chinês, sugeriu na sua página que Abe deveria visitar Nanjing, onde os soldados japoneses dizimaram 300 mil pessoas entre dezembro de 1937 e janeiro de 1938.
Várias atividades serão realizadas em Nanjing na data em que ocorreu o massacre, em homenagem às vítimas.
Segundo a agência Reuters, a ausência de um pedido de desculpas expressivo pode dececionar alguns veteranos americanos.
O secretário de imprensa da Casa Branca, Josh Earnest, afirmou em uma coletiva de imprensa que é natural que os veteranos da Segunda Guerra Mundial fiquem “amargurados” com a visita, no entanto, defende que essa tristeza deve ser superada para o bem dos Estados Unidos.
Zhang Jingguan, professor de estudos japoneses da Universidade de Jilin, afirmou que a visita de Abe a Pearl Harbor tem como objetivo o fortalecimento das relações nipo-americanas, enfatizando os “valores comuns” entre o Japão e os EUA.
“Não há ‘valores comuns’ entre o Japão e os EUA em muitos assuntos, como por exemplo o problema das mulheres de conforto (escravas sexuais dos militares japoneses durante a Segunda Guerra Mundial)”, defendeu.
A atitude de Abe, a recusa em demonstrar arrependimento, revela que a visita é apenas um “gesto hipócrita” para agradar aos EUA, apontou Zhang.