Por Hu Weijia/Global Times
As empresas norte-americanas sediadas na China receiam que as ações do presidente-eleito Donald Trump, relativamente a Taiwan, possam interferir com as relações comerciais, informou a agência Reuters na terça-feira.
O presidente-eleito demonstra ainda alguma imaturidade no modo como lida com a relação entre os EUA e a China, uma das relações bilaterais mais importantes do mundo.
Se Trump insistir que os Estados Unidos devem deixar de respeitar o princípio de “Uma Só China”, na melhor das hipóteses, as consequências serão apenas sentidas nas empresas norte-americanas instaladas na China.
Nas duas últimas décadas, as exportações dos EUA para a China cresceram quase 300%, tendo sido criados inúmeros empregos para trabalhadores americanos.
Contudo, essa estreita relação entre os EUA e a China remonta aos anos 70 e 80, quando ambas as partes normalizaram as relações e assinaram três acordos, em um dos quais Washington reconheceu que “só há uma China e Taiwan faz parte dela.”
Caso a administração de Trump decida contrariar esta política, as relações sino-americanas poderão sofrer um golpe fatal.
Um dos exemplos é o caso da empresa Starbucks, que conta já com quase 2500 lojas em toda a China, um mercado crucial para outras marcas americanas estabelecidas.
Caso a situação estável nas relações sino-americanas se altere, a Starbucks poderá apenas observar a ascensão do seu concorrente britânico, Costa, enquanto todas as empresas americanas sofrerão outras consequências.
Empresas japonesas sofreram perdas após a disputa territorial com a China das ilhas Diaoyu, em 2012, sendo por isso expetável que as empresas norte-americanas sejam mais afetadas pela instabilidade caso Washington questione o princípio de “Uma Só China”.
No entanto, segundo James Zimmerman, presidente da Câmara Americana de Comércio da China, sublinhou que "os negócios americanos que operam na Ásia precisam de segurança e estabilidade".
Além disso, outros países asiáticos, como o Japão e a Coréia do Sul, também envolvidos em cadeias industriais internacionais que ligam a China e os EUA, sofrerão perdas com o possível conflito econômico entre as duas potências.
As cadeias industriais globais não podem ser radicalmente alteradas e o presidente eleito poderá ser visto como louco se tentar interferir com a atual ordem econômica global.
Tradução: Andreia Carvalho