A página de Facebook da cadeia japonesa de hotelaria APA, tornou-se foco da ira de vários utilizadores chineses, após relatórios de que estaria a alojar livros que negam abertamente a existência do Massacre de Nanjing na China, juntamente com a escravidão sexual a que várias mulheres foram submetidas pelo exército japonês naquela cidade chinesa em 1937-38.
A cadeia APA, com mais de 400 hotéis e mais de 66,000 quartos, colocou cópias do livro, intitulado “A Verdadeira História do Japão – História Moderna Teórica”, por Seiji Fuji, o pseudónimo do presidente da cadeia, em todos os quartos da cadeia da APA no Japão.
O livro podia ser também encontrado à venda no lóbi dos hotéis, de acordo com informações veiculadas pela Agência de Notícias Xinhua, na sexta-feira.
O livro, uma fabricação baseada na retórica da extrema-direita japonesa, foi denunciado como um absurdo pelos historiadores.
Muitos internautas chineses demonstraram a sua indignação na página de Facebook da cadeia, tendo o último post atraído mais de 800 comentários e a cotação da página registrado uma queda para menos de 2 pontos numa escala de 1 a 5.
A empresa recusou-se a retirar os livros, na quinta-feira, apesar da pressão exercida para tal, justificando que os artigos ou opiniões apresentadas nos livros em questão “provêm de materiais académicos adequados”.
“A APA tem o dever de limpar os quartos de hotel. Obviamente, os livros devem ser limpos, pois são piores do que lixo”, pronunciou-se um internauta.
“Nunca saberão quão preciosa a paz atual é e nunca compreenderão quantos chineses inocentes sofreram na guerra...a verdade da história nunca deverá ser deturpada”, pode ler-se no comentário mais popular, tanto em chinês como em japonês.
Os comentários começaram a surgir incessantemente, após um artigo de WeChat, que apelava aos internautas a expressarem a sua voz no Facebook ter viralizado na sexta-feira.
Enquanto isso, vários utilizadores chineses endereçaram também comentários às contas de Twitter de japoneses proeminentes de extrema-direita, demonstrando a sua indignação.
A China instou o Japão a educar os seus cidadãos na visão correta da história, para que seja reconhecida a realidade dos factos.
“Gostaria de dizer que, apenas relembrando o passado é possível trilhar o caminho do futuro. Esquecer o passado é traição. A rejeição dos crimes possibilita a sua reincidência”, disse Hua Chunying, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, numa conferência de imprensa de rotina na quinta-feira.
“Sugiro que todos aqueles que no Japão insistam na sua visão deturpada da história se desloquem à China, ao Memorial das Vítimas no Massacre de Nanjing pelos Invasores Japoneses, para fazerem um apelo à sua consciência”, apelou Hua.