Wang Yi, Ministro das Relações Exteriores da China, advertiu para “a não existência de qualquer vencedor em um conflito entre a China e os EUA”. Os analistas depreendem que se trata do envio de um sinal de arrefecimento da tensão entre os dois países, em uma altura em que a política da nova administração americana está ainda a ser delineada.
Um relatório emitido na terça-feira por uma unidade americana especialista na China, exortou também a Casa Branca a não alterar o status quo em relação ao princípio de “Uma Só China”, sugerindo que o Presidente Donald Trump se encontre, com a brevidade possível, com o seu homólogo chinês, Xi Jinping.
“Qualquer estadista consciente será capaz de reconhecer que não pode existir um conflito entre a China e os EUA, pois ambas as partes sairiam a perder – ambos não podem incorrer nessa situação”, comunicou Wang aos repórteres, em Camberra, na terça-feira, quando inquirido relativamente à possibilidade de uma guerra, face aos comentários cáusticos proferidos por Trump e alguns dos seus conselheiros, dirigidos à China.
O ministro apelou também aos EUA para fazerem uma retrospetiva da história da Segunda Guerra Mundial no âmbito da forma como manuseiam a situação das disputas no Mar do Sul da China.
“A Declaração do Cairo de 1943, e a Declaração de Potsdam de 1945, referem de forma inequívoca que o Japão deve devolver os territórios chineses dos quais se apossou durante a guerra, incluindo as ilhas Nansha”, afiançou Wang.
“Se ambas as partes unirem esforços, as relações sino-americanas continuarão após a imposição da nova administração americana e seguirão numa melhor rota de desenvolvimento”, disse, acrescentando que levará tempo para a administração Trump compreender a China.
O Secretário de Estado da China, Rex Tillerson, disse no mês passado que a China não será autorizada a aceder às ilhas que construiu no Mar do Sul. A Casa Branca referiu também a sua determinação em defender os “territórios internacionais” na via marítima estratégica.
As relações entre Beijing e Washington azedaram após Trump ter respondido a uma chamada telefónica de congratulação endereçada pela líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, em dezembro, e ter ameaçado a imposição de tarifas nas importações chinesas.
“Seria perigoso abandonar unilateralmente a nossa política de longa-data de respeitar o princípio de “Uma Só China”, podia ler-se em um relatório co-escrito por Orville Schell e Susan Shirk, um académico de estudos chineses e uma professora de ciência política, respetivamente, da Universidade da California.
O relatório, intitulado “Política Americana Para a China: Recomendações para uma Nova Administração”, refere que “nenhum interesse nacional é alimentado pelo abandono ou condicionamento do princípio de “Uma Só China” em outras matérias”.
O relatório foi patrocinado pelo Asia Society’s Center para as Relações Sino-Americanas e pelo 21st Century China Center da Universidade da Califórnia.