Beijing, 12 mar (Xinhua) -- O chinês Feng Weixiang viajou por dois dias a Beijing desde sua terra-natal em um lugar remoto na Província de Yunnan.
A viagem foi uma das mais longas viajadas por mais de 2 mil membros do Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPCh), que reuniram-se em Beijing para sessão anual deste órgão de consulta política.
Feng disse que a viagem demorava 20 dias no passado.
O homem de 45 anos é da etnia Nu, cuja pequena comunidade mora no distrito autônomo das Etnias Drung e Nu de Gongshan em Yunnan. Naquele lugar, entre altas montanhas e vales profundos, vivem algumas das menores etnias da China.
A única rodovia que liga Gongshan e o exterior, que se extende entre penhascos e vales, foi construída em 1973.
Antes da construção da rodovia, residentes de Gongshan tinham de subir por montanhas cobertas de neve e passar por rios violentos para pegar um trem de Kunming para Beijing. A viagem de ida demorava cerca de 20 dias.
"O transporte é o maior obstáculo para o desenvolvimento da minha terra natal", disse Feng.
Mesmo até hoje, a rodovia é frequentemente afetada por deslizamento de terras nos dias chuvosos.
Na 5ª sessão anual do Comitê Nacional da CCPPCh, Feng disse que planejou entregar duas propostas para construir mais rodovias entre Yunnan e regiões vizinhas até Mianmar e Índia no outro lado da fronteira.
Feng disse que sua experiência pessoal indicou que a saída da pobreza começou com a construção de rodovias. Terreno duro deixa as pessoas da etnia Nu viver em mundo isolado e pobre.
Em sua memória infantil, Feng nunca sabia o sabor da carne suína nem bovina. Sua família vivia da agricultura de subsistência via cultura de milho e trigo. Para comer mais proteína animal, Feng e seus amigos caçaram pássaros na floresta.
Apenas depois da construção da rodovia, a população Nu foi capaz de participar da economia de mercado e começou a vender suas colheitas às comunidades no exterior e comprar novos produtos. Os jovens e ambiciosos também obtiveram a oportunidade de ver o mundo além das montanhas.
Em 1988, Feng, com 16 anos, decidiu obter mais formação profissional. Ele foi recrutado por uma escola em Kunming.
Feng começou sua carreira como professor em uma escola vocacional em 1992 ao ensinar técnicas de agricultura e aquicultura. Ele lembrou que tinha de gastar um dia todo caminhando nas montanhas para chegar à escola, por uma distância de apenas 40 quilômetros.
Cinco anos depois, ele deixou de ensinar e tornou-se um funcionário governamental.
Em 2013, ele tornou-se membro de Comitê Nacional da CCPPCh.
Com um fundo assim, Feng tomou a redução de pobreza como foco de seu trabalho. Muitas de suas propostas foram relacionadas com a construção de infraestrutura em regiões carentes.
Em 2014, ele apresentou uma proposta pedindo a construção de um túnel em uma rodovia entre Gongshan e a cidade de Shangri-La.
Em 2015, ele pediu a construção de uma rodovia entre Gongshan e a vila de Liuku. A obra começará antes do final deste ano.
"No ano passado, 3 mil pessoas do nosso distrito saíram da pobreza", disse Feng. Segundo ele, em torno de 350 mil residentes de Gongshan ainda vivem abaixo da linha de pobreza.
"Na campanha de redução da pobreza do distrito, Gongshan é, de qualquer maneira, uma noz dura para quebrar."
O distrito estabeleceu a meta de sair da pobreza até 2018.
A China está planejando erradicar a pobreza rural até 2020 e o Estado está investindo muito para realizar a meta. As 43 milhões de pessoas carentes restantes em áreas rurais vivem principalmente em áreas sem rodovia, água potável ou eletricidade.
O governo prometeu que mais da metade dos impostos sobre compra de veículos, cerca de 840 bilhões de yuans (US$ 125 bilhões), serão destinados para a construção de rodovias em áreas rurais durante o período do 13º Plano Quinquenal (2016-2020), um aumento substancial ante os 550 bilhões de yuans investidos no período do plano quinquenal anterior.