Cientistas chineses construíram a primeira máquina de computação quântica do mundo que ultrapassa os primeiros computadores clássicos — ou convencionais —, abrindo caminho para a concretização final da computação quântica.

Os cientistas anunciaram as suas conquistas durante uma coletiva de imprensa no Instituto de Shanghai para Estudos Avançados, da Universidade da Ciência e da Tecnologia da China, na quarta-feira.

Os cientistas acreditam que a computação quântica poderá, de alguma forma, diminuir o poder de processamento dos supercomputadores atuais. Uma analogia para explicar este conceito de computação quântica é que, com este avanço, seria possível ler todos os livros em uma biblioteca ao mesmo tempo, enquanto que a computação convencional apenas permite a leitura de um livro de cada vez.

Pan Jianwei, um acadêmico da Academia Chinesa de Ciências e importante especialista em física quântica, afirmou que a computação quântica explora o princípio fundamental da sobreposição quântica para permitir capacidades de cálculo e simulação paralelas e ultrarrápidas.

Nos chips de silício dos computadores normais, os dados são executados em dois estados: 0 ou 1. Contudo, em computadores quânticos, os dados podem ser processados e existir simultaneamente, permitindo o armazenamento exponencial de mais informações.

O poder de computação de um computador quântico aumenta extraordinariamente com o número de bits quânticos que podem ser manipulados, o que poderá resolver com eficiência problemas de computação em larga escala que estão além da capacidade dos computadores clássicos atuais, explicou Pan.

Por exemplo, um computador quântico com 50 bits quânticos seria mais poderoso na solução de problemas de amostragem quântica do que o supercomputador mais rápido existente atualmente, o Sunway TaihuLight, instalado no Centro Nacional de Supercomputação da China.

Devido ao seu enorme potencial, a Europa e os Estados Unidos têm colaborado ativamente nesta pesquisa. Empresas de alta tecnologia, como a Google, Microsoft e IBM, também têm interesse no desenvolvimento da computação quântica.

A equipa de pesquisa liderada por Pan tem explorado 3 rotas técnicas: sistemas baseados em fótons únicos, átomos ultra-frios e circuitos supercondutores.

Recentemente, Pan Jianwei e seus colegas — Lu Chaoyang e Zhu Xiaobo, da Universidade de Ciência e Tecnologia da China, e Wang Haohua, da Universidade de Zhejiang — estabeleceram dois registros internacionais em controle quântico do número máximo de bits quânticos fotônicos emaranhados e bits de quânticos supercondutores enredados.

Pan acrescentou que, os computadores quânticos poderiam, em teoria, resolver certos problemas mais rapidamente do que os computadores clássicos.

Apesar dos progressos substanciais nas duas últimas décadas, a construção de máquinas quânticas que podem realmente superar os computadores clássicos em algumas tarefas específicas - um marco importante denominado "supremacia quântica" – continua a ser um desafio.

Na busca pela supremacia quântica, a amostragem de Boson, um modelo de computador quântico intermediário (isto é, não universal), tem recebido considerável atenção, já que requer menos recursos físicos do que construir computadores quânticos óticos universais, disse Pan.