Nas edições anteriores em que participara, o concorrente fizera valer-se das suas aptidões na guitarra para adaptar versões de canções tradicionalmente executadas no guzheng ou pipa, instrumentos de cordas chineses.
“Este ano estava a pensar em algo do género, mas a minha tutora convenceu-me a tocar guitarra e cantar em chinês”, explica.
A hipótese de juntar a voz ao instrumento foi algo inesperado: “Subir a um palco e tocar guitarra não é estranho para mim, mas cantar não tenho experiência… Só no chuveiro ou em casa!”, diz entre risos.
No fim, teve mesmo de aceder aos apelos da professora Fang Xianghong, a tutora, à qual se juntou a namorada, também ela chinesa e professora de mandarim.
A escolha da música recaiu em “Hua” (desenho) do artista Zhao Lei. “Conheci a música através de uma aluna chinesa a quem dei aulas de guitarra aqui em Portugal. Gostei muito da letra e do facto de ter um toque tradicional chinês”.
No advento de disputar a ribalta com a elite dos restantes países participantes, o Henrique segue agora um programa rigoroso de estudo para praticar os complexos acordes do mandarim e os livres diretos da cultura sínica.
“Neste momento não posso seguir apenas o meu gosto, há também a vertente técnica e tática do concurso”, realça.
Carregando o legado do Samuel Gomes, o concorrente do ano passado, o Henrique é taxativo: “O objetivo é fazer algo melhor do que foi feito antes e passar à fase seguinte dos 30 melhores”.
O futuro, reforça, passa invariavelmente pelo futebol e pela China: “Gostava de poder ser uma ponte entre os treinadores portugueses e os jogadores jovens chineses. Não só linguística, como cultural.”
Os mais recentes indicadores parecem jogar a seu favor, dada a popularidade que o futebol português granjeia em solo chinês. Assim o comprovam as palavras debaixo da língua dos chineses ao ouvirem falar de “Putaoya” (Portugal): “C luo” (Cristiano Ronaldo), “Muliniao” (Mourinho), ou a inusitada conquista lusitana do europeu de futebol no ano transato.
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