O governador de Porto Rico anunciou que o território norte-americano apoiou no domingo, em larga maioria, em um referendo não vinculativo, passar a ser um novo estado dos EUA.
O referendo surge em uma altura de profunda crise econômica, que tem incentivado um êxodo dos habitantes locais rumo ao território continental dos EUA.
Cerca de meio milhão de votos apoiaram a supramencionada intenção, cerca de 7,600 pronunciaram-se a favor da independência e 6,700 pelo statu quo, de acordo com os resultados preliminares.
Apenas 23% dos eleitores acorreram às urnas, o que levou os principais oponentes a questionar a validade de um voto que vários partidos políticos urgiram os seus apoiantes a boicotar.
O congresso norte-americano tem a palavra final em quaisquer mudanças que possam ocorrer no estatuto político de Porto Rico.
Isso, porém, não travou o governador Pedro Rosselo de se comprometer a avançar com a meta da sua administração de tornar a ilha no 51º estado norte-americano, declarando que “Porto Rico votou pela posição de estado”.
Rosselo disse que iria criar uma comissão para assegurar que o Congresso valida os resultados do referendo.
“Seria muito contraditório para Washington exigir democracia em outras partes do mundo, e não responder ao direito legítimo de auto-determinação hoje exercido no território americano de Porto Rico”, asseverou.
Esta ocasião apresentou os níveis de participação mais baixos desde 1967, de acordo com Carlos Vargas Ramos, um associado do Centro para os Estudos Porto-Riquenhos do Hunter College em Nova Iorque.
“Os apoiantes da posição de estado não pareceram tão entusiásticos em relação a este plebiscito como há 5 anos atrás”, disse.
O principal partido da oposição de Porto Rico rejeitou o resultado.
O referendo coincide com o 100º aniversário da concessão de cidadania norte-americana aos cidadãos de Porto Rico, embora eles sejam barrados da votação em eleições presidenciais e tenham apenas um representativo congressista com poderes de voto limitados.
Muitos acreditam que o estatuto territorial da ilha tem contribuído para a recessão econômica de 10 anos, o que levou a quase meio milhão de porto-riquenhos a rumar à região continental dos EUA. Tal aconteceu em grande parte devido a décadas de empréstimos avultados e da eliminação dos incentivos ao imposto federal.
Os que ficaram para trás foram atingidos com novos impostos e contas domésticas mais pesadas. Os produtos alimentares na ilha são 22% mais caros que a região continental dos EUA. Os serviços públicos apresentam números 64% mais caros.
Os que se opõem à mudança de estatuto temem que a ilha perca a sua identidade cultural e avisam que Porto Rico irá titubear ainda mais financeiramente, dado que será forçado a pagar milhões de dólares em impostos federais.