BRASÍLIA, 3 de ago (Diário do Povo Online) -- A Câmara dos Deputados votou nesta quarta-feira (2) contra a denúncia de Michel Temer, pela Procuradoria-Geral da República, por crimes de corrupção.
A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República chegou à Câmara no dia 29 de junho.
Na denúncia, Temer é acusado de se ter aproveitado da condição de chefe do Poder Executivo e ter recebido, por intermédio de um ex-assessor, Rodrigo Rocha Loures, "vantagem indevida" de 500 mil reais. O valor teria sido oferecido pelo empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS, investigado pela Operação Lava Jato.
Segundo a Constituição Federal, um presidente da República só pode ser investigado no exercício do mandato se a Câmara autorizar o andamento do processo.
Temer negou todas as acusações, afirmando que a peça assinada por Rodrigo Janot, procurador-geral da República, é uma "ficção" baseada em um ato criminoso patrocinado por um "cafajeste" e "bandido" – em referência à gravação feita por Joesley Batista, da JBS, de uma conversa com o presidente no porão do Palácio do Jaburu.
Com um dos menores índices de popularidade da história, na casa dos 7%, Temer é o primeiro presidente da história do país denunciado no exercício do cargo.
Desde que o seu mandato ficou sob risco, Temer promoveu uma série de ações com o intuito de angariar votos na Câmara, principalmente de partidos do chamado "centrão", grupo de legenda médias e grandes, como PP, PR e PTB, que reúne cerca de 200 deputados.
Durante a primeira sessão, a oposição apresentou cinco requerimentos pedindo o adiamento da votação, mas todos foram rejeitados. Cinco deputados da oposição chegaram a protocolar no Supremo Tribunal Federal (STF) um mandado de segurança pedindo que o tribunal garantisse a manifestação de Rodrigo Janot, no plenário da Câmara, mas o pedido foi indeferido pela ministra Rosa Weber, do STF.
Durante a sessão, o relator do parecer Abi-Ackel e o advogado de Temer, Antônio Maris, falaram e defenderam o arquivamento da denúncia, seguidos pelos deputados, que apresentaram a sua posição quanto à questão.
Seguindo o regulamento da Casa, uma segunda sessão foi aberta, após as 5 horas da primeira sessão, iniciada pela recontagem do quórum em plenário e dando continuação à apresentação de requerimentos.
Cada deputado foi chamado ao microfone para proferir o seu voto, momentos marcados por pequenos tumultos e pela troca de ofensas entre governistas e oposicionistas.
Dos deputados que compõem a Câmara, 263 votaram contra a denúncia, 227 votaram a favor da mesma, 2 se abstiveram e 19 estavam ausentes.
Com a decisão da Câmara, a denúncia fica congelada até o fim do mandato de Temer, em dezembro do ano que vem, permitindo que, entre outros eventos e visitas, Temer participe na Cúpula do BRICS.