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Temer deixa Xiamen com acordos assinados, venda de porto para chineses e promessas de investimentos

Fonte: Xinhua    06.09.2017 08h49

Por Diogo Teixeira e Xun Wei

Xiamen, 6 set (Xinhua) -- Durante a Cúpula do BRICS, encerrada nesta terça-feira, a China Merchants Port Holding (CMPorts) assinou um acordo para comprar, por 2,9 bilhões de reais, uma participação de 90% no Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), em mais uma comprovação da força da sinergia sino-brasileira por marcar a entrada da CMPorts no mercado brasileiro de portos.

Fora esse negócio bilionário, anunciado durante a Cúpula, o presidente Michel Temer volta para casa com mais de dez acordos bilaterais assinados com a China, o que não só confirma a "relação madura e sólida" entre os dois países, como descreveu o presidente Xi Jinping, como é uma amostra da perspectiva positiva que os empresários chineses têm sobre a maior economia da América Latina.

A China incentiva que as empresas invistam no Brasil e participem do desenvolvimento de infraestrutura no país, disse durante a visita de Temer em Beijing o vice-premiê chinês Wang Yang.

"A China incentiva que empresas estabeleçam fábricas ou parque industriais no Brasil. Ambos os lados podem explorar parcerias na produção, compra, armazenamento, frete, comércio e processamento de produtos agrícolas."

Wang manifestou apoio ao Fundo China-Brasil, lançado em maio com um total de US$ 20 bilhões, para financiar importantes projetos de cooperação bilateral.

Além de participar da Cúpula do BRICS, Temer veio à Ásia em uma visita de Estado com a missão de expor aos chineses o programa de privatização de 57 empresas públicas. A China prometeu participar das concessões.

"As relações entre o Brasil e a China passam por um momento de grande vitalidade. Nos primeiros sete meses deste ano, no campo comercial, enquanto as exportações brasileiras para o mundo aumentaram 18%, as do Brasil para a China subiram 33%", disse à Xinhua o embaixador brasileiro Marcos Caramuru.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009 e o Brasil é o maior parceiro da China na América Latina.

Para o pesquisador chinês Zhou Zhiwei, em uma época de dificuldades econômicas e políticas, o investimento chinês tem importância ainda maior para o desenvolvimento do país sul-americano.

"Nos últimos dois anos, o investimento chinês cresceu estável e rapidamente no Brasil, o que não só impulsiona a economia brasileira como também aumenta a confiança e estimula mais investimento estrangeiro no Brasil."

Para Zhou, a cooperação com a China é insubstituível. O segundo maior PIB mundial é a locomotiva da economia global e o crescimento que o Brasil vinha apresentando antes da atual crise foi resultado da demanda chinesa por commodities. Após dois anos de recessão, o Brasil cresceu 0,2% no segundo trimestre de 2017, resultado anunciado às vésperas da Cúpula e que o presidente Michel Temer exaltou durante entrevista a jornalistas brasileiros em solo chinês.

Atrair investimento chinês é um dos maiores objetivos de Temer. Poucos dias antes de a comitiva brasileira chegar a Beijing, o Brasil anunciou o programa de privatização.

Na véspera da Cúpula, os presidentes Xi Jinping e Michel Temer concordaram em promover ainda mais a parceria estratégica abrangente.

"A China e o Brasil estabeleceram uma relação madura e sólida como os maiores países em desenvolvimento dos hemisférios oriental e ocidental e como importantes economias emergentes", declarou Xi.

No último ano, a China e o Brasil mantiveram uma comunicação e coordenação úteis sobre a cooperação do BRICS e os principais temas globais, acrescentou.

Em uma entrevista à Xinhua antes de embarcar para a Cúpula, Temer celebrou os resultados da parceria entre os dois países e destacou o forte intercâmbio comercial e a crescente chegada de investimentos da China.

Segundo ele, as relações entre o Brasil e a China têm contribuído muito para a promoção do desenvolvimento de benefício mútuo.

"Temos, desde 2012, uma parceria estratégica global, na qual tratamos tanto das questões bilaterais quanto dos principais temas da agenda internacional. É fundamental que o Brasil e a China sigam mantendo uma interlocução fluída e ampla no mais alto nível."

Segundo o pesquisador Zhou Zhiwei, o programa de privatização de Temer foca em infraestrutura, em que a China possui abundantes experiências, recursos financeiros e técnicas.

Para as empresas chinesas, investir no Brasil é um negócio em que ambos os lados ganham, segundo o pesquisador. As empresas chinesas têm três motivos para investir no Brasil, enumerou ele. Primeiro, o Brasil é insubstituível na América Latina em termos de tamanho de mercado, recursos e potencial e a partir dele a China pode cobrir toda a América Latina. Segundo, os chineses têm confiança em que, apesar das atuais dificuldades políticas e econômicas, o Brasil tem capacidade de lidar com elas e sair da crise. Terceiro, os ativos brasileiros se tornaram mais baratos com a crise e os chineses podem entrar no mercado a um custo mais baixo.

Segundo dados do Conselho Empresarial Brasil-China, o investimento total da China no Brasil foi de US$ 8,4 bilhões em 2016, um aumento anual de 13%. No primeiro semestre de 2017, O investimento da China no Brasil atingiu US$ 6,2 bilhões.

Atualmente, cerca de 200 empresas chinesas investem na maior economia latino-americano, em um volume total de US$ 40 bilhões.

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