O documentário será transmitido ao longo de 5 dias, detalhando casos envolvendo várias figuras públicas do país.
O documentário de 5 episódios, que visa comprovar a eficiência das medidas anticorrupção levadas a cabo pelo Partido Comunista da China (PCCh), começou a ser transmitido na quinta-feira, detalhando, pela primeira vez, a conduta imprópria posta em prática por vários oficiais corruptos.
Com o nome “A Espada Afiada da Inspeção”, o documentário atribui destaque à estratégia de Xi Jinping de usar brigadas de inspeção como ferramenta para potenciar a governança transparente, num período em que o país leva a cabo uma campanha sem precedentes contra o flagelo da corrupção.
O documentário foi filmado em conjunto pela Comissão Central para a Inspeção Disciplinar (CCID) — a instituição responsável pela erradicação da corrupção — e pela Televisão Central da China (CCTV). O documentário está sendo exibido ao ritmo de um episódio por dia.
De acordo com o programa, Yu Haiyan, ex-vice-governador da província de Gansu, eliminou todas as fotografias tiradas com indivíduos que o haviam subornado através de uma descarga de água no banheiro, por forma a destruir provas. Um segmento informa também que ele mergulhara o seu celular em vinagre e que depois o atirou ao rio Amarelo, para eliminar as suas gravações com os alegados cúmplices.
Cerca de 20 oficiais corruptos, incluindo Wu Chanshun, ex-chefe da polícia de Tianjin, e Wang Min, ex-chefe do Partido na província de Liaoning, foram entrevistados para o documentário. Ambos expressaram o seu arrependimento e confessaram a sua conduta errônea. Todos os oficiais corruptos que surgiram no documentário foram investigados após a inspeção.
“Eu tinha medo da equipa de inspeção, e pesquisei profundamente para tomar conhecimento dos métodos por ela usados”, confessou Wang no documentário. Wang foi condenado a prisão perpétua no mês passado por ter recebido 146 milhões de yuan (22.5$ milhões) em subornos.
As vagas de inspeções provaram ser um meio eficiente de conter a corrupção no país. De entre os casos abordados pela CCID, cerca de 60% dos indicadores da existência de atividades ilícitas foram recolhidos previamente pelas equipes de inspeção.
A comissão de inspeção disciplinar lançou 12 rondas de inspeção a 277 departamentos de governo do Partido, empresas estatais, institutos e universidades desde o 18º Congresso Nacional do PCCh em 2012.
Xi tem vindo a reiterar repetidamente a importância das inspeções ao longo dos últimos 5 anos, desde que “declarou guerra” a este tipo de práticas decadentes.
Em maio, Xi presidiu a um encontro com o Birô Político do Comitê Central do PCCh, durante o qual foi exigido a vários oficiais de topo que se tornassem modelos, ao exercerem o autocontrole no uso do seu poder, aceitando a supervisão e agindo em conformidade com as regras.
Os trabalhos de inspeção devem focar-se na “adesão à liderança do Partido”, no “reforço da sua construção” e no “fortalecimento da sua disciplina”, de acordo com um comunicado divulgado após o encontro.
Yang Xiaodu, ministro de supervisão e deputado-chefe da comissão de inspeção disciplinar, revelou no mês passado que 256,000 casos de suborno haviam sido entregues para avaliação entre janeiro e junho. Durante o mesmo período no ano transato, foram contabilizados 193,000 casos.