Rio de Janeiro, 23 out (Xinhua) -- O Brasil poderá enviar tropas para integrar à Missão das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (Minusca), informaram neste fim de semana fontes oficiais.
Em declarações após participar de um evento no Rio de Janeiro, o ministro da Defesa Raul Jungmann admitiu que a República Centro-Africana é vista como o destino mais provável de uma futura missão de paz brasileira.
"No entanto, a decisão final é da Presidência da República e do Congresso Nacional. Temos o desejo de levar paz, estabilidade e nossos valores ao mundo", assegurou Jungmann.
O Brasil encerrou recentemente a missão de paz e estabilização no Haiti (Minustah), que liderou por 13 anos durante os quais ajudou a reconstruir a ilha caribenha, com a participação de 37,5 mil militares brasileiros.
Com 5,2 milhões de habitantes, a República Centro-Africana se situa no centro do continente africano e faz fronteira com o Chade, Sudão, Congo e Camarões. Considerado um dos países mais pobres do mundo, o país sofre com os conflitos entre guerrilheiros cristãos e o governo muçulmano.
Diferente do Haiti, onde a logística brasileira chegava de barco, o transporte de material ao país africano terá que ser feito por via aérea, o que complica a operação e aumenta os custos.
Apesar disso, a participação do Brasil em missões de paz traz vantagens, como a inserção do país no cenário mundial das Nações Unidas e o treinamento permanente das tropas brasileiras, comentou o general Ajax Porto Pinheiro, que foi o último comandante da Minustah e atuou como coordenador dos esforços de resgate e reconstrução do Haiti, após o terremoto de 2010.
"O melhor campo de treino para as Forças Armadas é uma missão de paz. É um meio termo entre o treinamento no país e uma guerra. Aprendemos muito. Nossos tenentes hoje têm muito mais desenvoltura, sabem conviver nesse ambiente internacional muito melhor que os da minha geração", destacou o general.
"Outro grande aprendizado é que, em uma missão de paz, a língua não é a nossa. Ou aprendemos a nos comunicar em outra língua e a conviver em um ambiente que não é o nosso, ou não sobrevivemos. Isto, os nossos militares, hoje, sabem fazer, principalmente os mais jovens, que vão continuar no exército", concluiu o general Pinheiro.