Zheng Yongnian
Os temas mais importantes de todos os congressos nacionais do Partido Comunista da China (PCCh) visam responder a três perguntas: De onde vem o Partido? Onde chegou o Partido? Para onde se dirige o Partido?
As três perguntas compõem uma reflexão basilar e essencial. O PCCh é um partido movido por uma missão. Cada nova missão, juntamente com a respetiva direção de desenvolvimento a seguir, pode apenas ser concebida após a existência de uma deliberação levada a cabo por este órgão político.
A China deu recentemente entrada na “Nova Era”. Tal não se trata apenas de um nome, mas de um conceito, baseado no fato da economia chinesa ter já atingido níveis satisfatórios, pese embora a existência de desequilíbrios e insuficiências.
O relatório do 19º Congresso Nacional do PCCh salienta, precisamente, a entrada nessa “Nova Era do Socialismo com Características Chinesas”. Esta é caracterizada por uma contradição social: a crescente demanda do povo por uma vida melhor e o desenvolvimento desequilibrado e insuficiente.
Todavia, a existência deste paradoxo não veio alterar a deliberação de que a China ainda se encontra, e assim continuará por um longo período, nos primeiros patamares do socialismo. Espera-se que, durante este período, o estatuto internacional da China como maior país em desenvolvimento venha a manter-se inalterado.
Embora a China tenha obtido grandes êxitos e granjeado elogios por parte da comunidade internacional, o país está consciente da conjuntura doméstica e externa, bem como da época na qual se encontra.
O júbilo das façanhas já levadas a cabo não entorpece a capacidade do PCCh de encarar metodologicamente e de forma austera os desafios que existem pela frente.
Xi Jinping elaborou um plano para os próximos cinco anos (2017-2022), período durante o qual deverão ser movidos novos esforços rumo à meta dos “Dois Centenários”: a construção de uma sociedade modestamente abastecida em 2021 e a grande revitalização da nação chinesa em 2049.
No plano econômico, a China encontra-se numa fase decisiva para garantir uma sociedade modestamente abastecida. Nos últimos anos, a China tem vindo a discutir a melhor forma de evitar a “armadilha dos rendimentos médios”, procurando tornar o país em uma economia de altos rendimentos, ou seja, uma “sociedade abastecida”. De acordo com o 13º plano quinquenal, o PIB per capita deverá partir dos 8 mil dólares em 2017 para os 12 mil dólares em 2020.
Mais importante que isso, quando os chineses almejarem um “abastecimento modesto” em termos gerais, as suas atenções e reivindicações transitarão para outras áreas, como por exemplo: um meio-ambiente mais saudável, uma sociedade mais justa, entre outros. Por conseguinte, o relatório do congresso propõe uma promoção mais eficaz do desenvolvimento integral dos cidadãos e o progresso integral da sociedade.
(O autor é diretor do Instituto da Ásia Oriental da Universidade Nacional de Singapura)