O Socialismo com Características Chinesas na Nova Era e sua principal contradição

Fonte: Diário do Povo Online    26.10.2017 14h42

Gaio Doria*

Xi Jinping, secretário geral do Partido Comunista da China, ficou de pé no púlpito do salão do povo e durante 210 minutos, leu 32440 ideogramas, sem descansar por sequer um minuto e bebeu água somente uma vez. Um feito impressionante para um homem de 64 anos de idade que através de sua postura determinada - com uma voz serena e compenetrada - passou uma mensagem clara ao mundo: O Partido Comunista da China (PCCh) é um partido marxista-leninista, fiel aos princípios do marxismo e engajado em sua aclimatação teórico-prática no contexto chinês. O compromisso da maior agremiação comunista do mundo é garantir o progresso da China através da realização da modernização socialista.

É impossível ignorar estes elementos quando buscamos entender este gigante asiático. A China fez uma escolha histórica pelo socialismo. Não se trata de um sistema simplesmente importado, mas um caminho forjado através da luta revolucionária do povo chinês que, sob a liderança de seu Partido Comunista, conquistou grandes avanços. A Revolução Chinesa não foi artificialmente imposta de cima para baixo. A sociedade chinesa não foi sequestrada pelos comunistas, como uma grande parte dos analistas burgueses gosta de sugestionar. A Revolução foi um processo histórico que gozou de extrema capilaridade, a esmagadora maioria do povo chinês se engajou politicamente e lutou pela sua independência e pelo seu futuro, por um projeto de nação. Por esta particular característica, o Partido Comunista da China fincou raízes profundas nas massas operário-camponesas da China.

Assim, a declaração realizada no dia 25 de outubro de 2017, do secretário-geral do PCCh, Xi Jinping, na coletiva de imprensa do 19º Congresso, de que o Partido deve sempre servir ao povo, sendo sua vanguarda e a espinha dorsal da nação chinesa não se enquadra como mera propaganda política. É um fato histórico. A relação do Partido Comunista da China com o povo chinês é orgânica e sólida, construída ao longo de seus quase 100 anos de existência.

Quem não compreender a natureza sócio-histórica deste relacionamento jamais entenderá a China contemporânea. Recairá, como a imensa maioria dos críticos, no pessimismo apocalíptico, repetindo da mesma maneira que Prometeu, análises místicas sobre a queda do Partido Comunista da China e o fim do socialismo. É por isso que o Ocidente não foi capaz de interpretar e acompanhar com clareza o crescimento da China nos últimos 40 anos.

A política chinesa, apesar de suas especificidades, não é de maneira nenhuma indecifrável. Existe uma institucionalidade na forma como é conduzida. A República Popular da China, herdeira da Revolução de Outubro de 1917, toma os princípios estabelecidos pela Comuna de Paris e os acúmulos de experiência do movimento comunista internacional como pilares fundamentais para a organização de seu sistema político. Desta forma, a realização de congressos com certa periodicidade é práxis comum a todos os Partidos Comunistas ainda existentes no mundo. Evidentemente, o caso da China reverte-se de especial importância por se tratar do maior Partido Comunista existente no poder. Mas então por que há tanta dificuldade em compreender a China? A resposta é simples, os referenciais teóricos utilizados para se analisar o país são revestidos de nuances ideológicas e preconceitos que impedem uma visão científica da realidade chinesa.


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(Web editor: Chen Ying, editor)

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