A visita de Estado do presidente da República da Coreia, Moon Jae-in, à China, com início na quarta-feira, é certamente um novo sinal de que existe um descongelamento entre a relação sino-sul-coreana.
Porém, por muito agradável que possa soar aos ouvidos dos anfitriões, a sua promessa de não usar o sistema THAAD para fins não relacionados com a prevenção de ameaças nucleares de Pyongyang, será muito difícil de se verificar na prática.
Nem o seu apelo a que ambas as partes analisem a questão na perspetiva um do outro é capaz de mitigar os receios de Beijing relativamente à ameaça potencial do THAAD para a segurança nacional.
Seul não deve assumir que Beijing irá desistir do assunto simplesmente porque a sua instalação na Coreia do Sul é agora um fato consumado. Deve antes honrar os compromissos que firmou com Beijing.
Contudo, embora um descongelamento completo das relações possa ser um processo longo e difícil com o THAAD no caminho, a tentativa de Moon de atenuar as preocupações chinesas confere um ponto de alavancagem para a reparação das relações.
É essencial que ambas as partes sejam pragmáticas. Elas precisam demonstrar um sentido partilhado de urgência, trabalhando em conjunto na tarefa imperativa de desmantelar a bomba relógio na Península Coreana.
Apesar de Beijing e Seul se oporem à opção militar, têm ainda de se sentar à mesa de negociações para conferir as alternativas não-militares disponíveis e exequíveis.
E, embora Moon tenha por várias ocasiões expressado a sua oposição a qualquer opção de ataque militar como opção para lidar com a RPDC, o seu governo demonstrou pouca hesitação em se juntar aos EUA para responder às provocações de Pyongyang.
Se o míssil teste de Pyongyang de 29 de novembro e o exercício conjunto EUA-Coreia do Sul deram alguma indicação, nenhuma das partes parece pronta a abraçar a “suspensão dupla” proposta por Beijing e Moscou.
Não parece também existir qualquer sinal de que as Conversações a Seis Partes possam ser retomadas em breve. Pelo contrário, tem havido um pessimismo crescente sobre a possibilidade de uma resolução política após um enviado dos EUA ter voltado de Pyongyang.
A visita do Presidente Moon representa uma preciosa oportunidade para a China e a Coreia do Sul discutirem seriamente como lidar como Pyongyang e Washington para conseguirem encontrar uma via pacífica de terminar a crise.