Por Janaína Camara da Silveira
Beijing, 18 dez (Xinhuanet) -- Com dois meses de antecedência, o Brasil viu nesta terça-feira, 12 de dezembro, a entrada em operação da maior linha de transmissão de corrente contínua de energia da América Latina, num projeto de 2.092 quilômetros de extensão, permitindo o escoamento da energia produzida na Usina Hidroelétrica Belo Monte, que fica no Estado do Pará, para o Sudeste e o Centro-Oeste. O consórcio responsável pela obra, a Belo Monte Transmissora de Energia, tem a chinesa State Grid como entidade majoritária, com 51%. As brasileiras Frunas (24,5%) e Eletronorte (24,5%) detém o restante.
Pois foi a empresa chinesa que trouxe a tecnologia de ultra-alta tensão de 800 kV utilizada, o que permite o transporte de energia com redução de perdas. Antes do primeiro Bipolo de Belo Monte, o Brasil utilizava a tensão de 600kV nos sistemas de transmissão em corrente contínua.
O ritmo das obras e dos testes, que permitiu o adiantamento da entrega, é uma característica chinesa, assim como a de soluções inovadores - caso da ultra-alta tensão utilizada. É uma notícia importante para o Brasil, onde, energia concentra boa parte dos investimentos chineses. Segundo o governo federal brasileiro, os setores de energia e mineração concentram mais de 85% dos investimentos chineses entre 2003 e setembro de 2017. Com US$ 42,9 bilhões, geração e transmissão de energia elétrica, extração de minerais, de petróleo e de gás estão no foco do Investimento Estrangeiro Direto (IED) chinês no país.
Em Portugal, energia também é um dos setores que mais atrai investimento chinês - o que desemboca inclusive em negócios no Brasil. A venda da EDP para a China Three Gorges Corporation, em 2011, movimentou o mercado português e teve reflexos no Brasil, onde a companhia europeia tinha operações, que passaram para as mãos da empresa chinesa.
Mas Brasil e Portugal não são os únicos a receberem investimentos chinês. No âmbito das nações que integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) há muito sendo feito. O grupo tem, além do Brasil e de Portugal, a participação de Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Em todos estes, a China imprime vigor às economias, seja por meio de investimentos, de negócios e na balança comercial ou em todos estes. Só em volume de comércio, China e os países de língua portuguesa trocaram US$ 89,42 bilhões em setembro deste ano, segundo dados dos Serviços de Alfândega da China. Foi um incremento de 29,36% em relação ao mesmo mês de 2016.
O país asiático, aliás, tem laços estreitos com os países lusófonos cuja história já soma mais de 500 anos, graças ao entreposto português de Macau, região que voltou à administração local em dezembro de 1999. No pequeno estuário, o português é uma das línguas oficiais. Ali, diversos organismos estatais promovem intercâmbios constantes em economia, negócios, turismo, idioma e cultura.
A partir de hoje, a Agência de Notícias Xinhua trará uma série especial sobre as relações chinesas com os países de língua portuguesa: desde os principais negócios, as tendências para o futuro, até as trocas culturais. Afinal, são 37 universidades na China ensinando a língua portuguesa, segundo dados do Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa (CPCLP) do Instituto Politécnico de Macau (IPM). O Instituto Confúcio, que tem por objetivo promover a cultura chinesa e o idioma mandarim, está presente em quase todos os países de língua portuguesa. E todas estas nações mantém relações diplomáticas com a China. A última a foi São Tomé e Príncipe, cujas relações foram restabelecidas em 2016.
Acompanhe diariamente as reportagens. Há pontes sendo construídas e reforçadas pela China nos países lusófonos, assim como oportunidades que se abrem para cidadãos destes países em cidades chinesas.