Por Dang Qi e Javier Ureta
Santiago, 23 jan (Xinhua) -- Os países membros da Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe (CELAC) devem trabalhar juntos para aproveitar as oportunidades oferecidas pela Iniciativa chinesa do Cinturão e Rota, disse uma funcionária da ONU.
Alicia Barcena, secretária executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), com sede no Chile, conversou com a Xinhua sobre o potencial de cooperação entre a China e os 33 membros do CELAC, o maior bloco regional da América Latina.
Proposta em 2013, a Iniciativa do Cinturão e Rota visa alcançar conectividade entre as políticas, as infraestruturas, o comércio, as finanças e as pessoas, além das antigas rotas comerciais da Seda, criando assim uma nova plataforma de cooperação internacional para criar novos fatores de crescimento.
"A América Latina está muito interessada em fazer parte desta iniciativa", disse Barcena.
Outra oportunidade de impulsionar a cooperação entre a China e a CELAC está ocorrendo durante a segunda reunião ministerial no âmbito da China e do Fórum da Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe ou do Fórum China-CELAC, iniciada nesta sexta-feira em Santiago e que durará até segunda-feira, sendo que a Iniciativa do Cinturão e Rota é um dos principais temas.
MOMENTO PARA INVESTIMENTO CONJUNTO
O segundo Fórum China-CELAC serve para atualizar a relação entre os dois lados à luz do novo papel da China nos assuntos globais.
"As condições mudaram nos últimos três anos. A China transformou-se em um jogador político mais importante em aspectos multilaterais", disse Barcena, observando que a China está comprometida com as políticas de mudança climática e proteção ambiental, bem como com a mudança de sua estrutura de consumo.
"Isso abre oportunidades para a América Latina", disse ela, pedindo investimentos conjuntos na América Latina.
"Eu diria que chegou o momento de investimento conjunto. Chegou o tempo para os nossos negociadores e líderes empresariais se sentarem à mesa e investirem conjuntamente nos setores de energia, mineração, ciência, tecnologia e setor digital da América Latina", afirmou a chefe da CEPAL.
Quanto ao lugar onde iniciar este investimento conjunto, Barcena disse que existem várias áreas nas quais eles poderiam lançar negócios importantes.
"A China aumentou seu investimento estrangeiro direto no Brasil em um campo muito concreto, a eletricidade. Penso que o investimento conjunto em energia solar aqui na América Latina seria ideal. Talvez o Chile possa se tornar o centro de exportação de produtos de energia solar chinesa-chilena". disse.
"A agricultura é outra grande área" para o investimento conjunto, disse Barcena.
OTIMIZANDO A COOPERAÇÃO
A chefe da CEPAL recomendou que a China trabalhasse com sub-regiões e setores para facilitar sua cooperação com a CELAC.
"Talvez a melhor maneira de operar seja por sub-regiões - América do Sul, por um lado, a América Central, por outro - e descrevendo as áreas de oportunidade", disse Barcena.
Ela vê mais áreas de oportunidade com a América do Sul do que com o resto da região, porque "esses países estão preparados para aumentar as trocas com a China, que na última década cresceu 22 vezes".
Os blocos regionais, como a reunião de quatro membros da Associação do Pacífico, México, Colômbia, Peru e Chile, representam outra instância de integração que pode promover a cooperação.
"Os países da Aliança do Pacífico [...], eu acredito, fizeram mais progressos (para a integração) e estão fazendo propostas concretas, com esquemas de marketing conjunto, para poder exportar alguns produtos como um grupo para a China. Mas acho que ainda há muito progresso a ser feito", disse Barcena.
Enquanto isso, os países regionais poderiam ajudar a promover uma abordagem mais coesa da cooperação, organizando negociações sobre propostas concretas em setores-chave, como energia, turismo, mineração e outros, disse ela.
Barcena disse que estava otimista sobre os futuros laços China-CELAC, tendo em vista os progressos realizados no âmbito do plano de cooperação inicial 2015-2019 assinado em 2015 em Beijing.
De acordo com o plano, a China pretende alcançar 500 bilhões de dólares americanos de comércio bilateral com a América Latina e o Caribe e investir mais de 250 bilhões de dólares de investimento direto na região.
Hoje "podemos dizer que o comércio aumentou para cerca de 266 bilhões de dólares americanos. Estamos a meio caminho do objetivo que foi estabelecido", observou Barcena.