Washington, 26 mar (Xinhua) -- A China se opõe ao protecionismo comercial e combaterá qualquer guerra comercial possível, disse o embaixador chinês para os Estados Unidos, Cui Tiankai, em uma entrevista de TV ao Bloomberg, na sexta-feira.
Cui disse que o lado chinês se opõe claramente a quaisquer medidas protecionistas unilaterais e a uma guerra comercial, que "machucaria todo mundo, incluindo os Estados Unidos, e que certamente machucaria a vida cotidiana da classe média americana, as companhias do país e o mercado financeiro."
"Nós (as autoridades chinesas) não queremos uma guerra comercial com qualquer um, e ainda tentamos evitá-la. Mas se uma guerra comercial for forçada, temos que atacar de volta", disse, acrescentando que "tomaremos todas as medidas necessárias".
O embaixador disse que existe um grande potencial para a cooperação China-EUA, "mas a chave é que ambos os lados têm que tomar uma abordagem cooperativa e construtiva; uma confrontadora não ajudará ninguém".
Ele disse que quaisquer disputas e diferenças entre os dois países devem ser solucionadas por diálogos e consultas, e a China jamais se renderá a ameaças ou coerção.
Sobre o impacto das medidas dos Estados Unidos, o embaixador disse que a economia mundial é estreitamente interconectada com interesses compartilhados entre os países.
Apesar de um superávit com os Estados Unidos, a China tem déficits grandes com outros países, o que é uma boa ilustração da natureza da cadeia de fornecimento mundial, comentou Cui.
"Pessoas têm que ser cuidadosas quando tomarem ações, elas podem machucar todo o mundo, incluindo elas mesmos", assinalou.
Além disso, o diplomata disse: "Nós temos um superávit com os Estados Unidos, que é bastante grande. Queremos diminuí-lo ... É um acordo entre a China e os Estados Unidos que ele tem que ser reduzido para os benefícios de ambos os países."
Ele também disse que os dois governos têm diálogo no momento, e "não temos ideia por que uma ação tão unilateral é tomada."
Cui acrescentou que a acusação dos Estados Unidos contra as práticas de comércio da China, assim como a sobre direitos de propriedade intelectual, por exemplo, são infundadas.
"Leis chinesas protegem direitos de propriedade intelectual, e estamos prontos para ajudar quaisquer empresas que sofrerem violações, mas nenhuma prova foi fornecida", explicou.
"Não existe nenhuma lei ou regulamento que forcem a transferência de tecnologia (na China) ... E as empresas apenas fecham acordos ao acreditar que sejam bons para elas. Mas se elas tiverem quaisquer reclamações, devem recorrer à lei chinesa, e nós ajudaremos elas", acrescentou.
Ao responder a questão sobre as propostas restrições dos Estados Unidos contra investimento chinês, Cui disse que a medida não fará qualquer senso político ou econômico positivo, pois ela "não tem como base boa razão", e que pode prejudicar as economias locais dos Estados Unidos, causar perdas de empregos e eventualmente prejudicar a economia dos Estados Unidos como um todo.
Apesar de advertências de grupos comerciais e especialistas de comércio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um memorando na quinta-feira que pode impor tarifas sobre até US$ 60 bilhões de importações da China e restringir investimentos chineses no país, despertando preocupações de que as duas maiores economias do mundo podem estar em direção a uma guerra comercial.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês Hua Chunying reafirmou na sexta-feira a posição de seu país sobre as medidas de comércio dos Estados Unidos, dizendo que a China combaterá até o fim em qualquer guerra comercial e pedindo aos Estados Unidos que façam decisões racionais e prudentes.