A Embaixada de Portugal na China organizou no sábado (24) uma sessão de prova de vinhos para os meios de comunicação da China e um jantar promocional para 60 intervenientes do setor, incluindo distribuidores e representantes de restaurantes e hotéis locais.
Durante o breve discurso de abertura do evento, o embaixador português, José Augusto Duarte, reforçou a qualidade dos vinhos portugueses, atestada por vários prémios e distinções internacionais.
“Beber um dos melhores vinhos portugueses é, com certeza, beber um dos melhores vinhos do mundo”, afirmou.
Em representação do norte de Portugal, Dora Martins, gerente de exportação da Real Companhia Velha, partilhou um pouco da história da mais antiga e emblemática empresa de vinhos de Portugal, com 262 anos de existência (desde 1756) e de atividade interrupta ao serviço do Vinho do Porto.
Dora referiu que, ao falar de vinhos, rapidamente surgem nomes como Bordeaux, entre outros muito afamados. No entanto, muita gente desconhece que a primeira DOC — denominação de origem controlada, um sistema de utilizado para a certificação de vinhos, queijos, manteigas e outros produtos agrícolas portugueses, atribuída a artigos produzidos em regiões geograficamente delimitadas, que cumprem um conjunto de regras consignadas em legislação própria — do mundo foi estabelecida em Portugal.
Com uma produção anual de 8 milhões de garrafas, provenientes dos 550 hectares de vinhas, a Real Companhia Velha está já presente no mercado chinês, com números de vendas cada vez mais promissores, aliados à ativa promoção do conhecimento sobre castas locais, os vinhos e as regiões do país asiático.
Por sua vez, António Soares Franco, descendente da sexta geração e representante da empresa José Maria da Fonseca — no evento em representação da produção vinícola da região sul—, revelou que em apenas 5 anos, a China passou a ocupar o 10º lugar nas exportações da empresa, de um total de 70 países.
“A China tem um potencial enorme. Atualmente o consumo per capita é de 1.3l, mas é um valor que está a aumentar. Investir na China é investir no futuro”, disse o representante da empresa que exerce atividade no setor vinícola desde 1834.
Questionado por um jornalista sobre a possibilidade de adaptar os produtos ao mercado chinês, António defendeu a política de inovação da empresa. “Temos uma mentalidade aberta. Queremos ser bem-sucedidos na China. E, se isso implicar adaptar os nossos vinhos ao mercado chinês, não é algo que seja impossível”.
Sobre as dificuldades de entrada na China, o produtor reforçou que “é dos mercados mais difíceis, por várias razões. A principal é o desconhecimento que as classes média e média alta têm sobre vinhos. Além disso, quando se fala de vinhos os chineses associam imediatamente a França. Muitos não sabem nada sobre Portugal, e muito menos sabem que o país produz vinho”.
Deste modo, defende, torna-se importante a realização de mais atividades e eventos como este, por forma a “promover o vinho português, e não despachá-lo. Estamos aqui para construir uma marca e a imagem do país”.
“Eu brinco com o meu importador, digo-lhe que nós, os portugueses, temos ‘paciência de chinês’, pois sabemos esperar, não podemos querer resultados gigantescos de hoje para amanhã”, gracejou, acrescentando que as visitas, cada vez mais regulares, à China visam um maior conhecimento do mercado, pois “o caminho faz-se caminhando”.
Após a prova dos 6 vinhos, 3 escolhidos por cada empresa, o embaixador concedeu ainda algumas palavras ao Diário do Povo Online, revelando que, futuramente, este tipo de eventos de promoção de produtos portugueses serão realizados com mais frequência.
Com o objetivos de implementar a imagem de marca do país, o diplomata demonstrou a resolução de “promover produtos tradicionais e industriais. A área agroalimentar tem um potencial enorme, mas falo também de calçado, ourivesaria, componentes automóveis, mobiliário ou design”.
Sublinhando que a China é um mercado potencial de alta qualidade, visto que os chineses são os segundos maiores consumidores de produtos de alta qualidade no mundo, o embaixador pretende ajudar as empresas portuguesas a penetrar nesse segmento de mercado “incrementando a sua participação, notoriedade e reconhecimento”.
Com o objetivo de promover a cultura e os produtos portugueses, o primeiro evento de uma iniciativa lançada pelo embaixador português culminou com um jantar e um pequeno concerto da fadista portuguesa Cuca Roseta para 60 profissionais do setor.
A artista realizou ainda um concerto na Universidade Tshinghua no domingo (25).