Washington, 29 mar (Xinhua) -- Cientistas chineses descobriram um novo caminho molecular que desempenha um papel crítico no desenvolvimento da dor crônica, abrindo caminho para novas terapias para o tratamento da dor em pacientes com câncer.
Em um estudo publicado na quarta-feira na revista Science Signaling, Xin Wenjun, professor de fisiologia na Escola de Medicina Zhongshan da Universidade Sun Yat-Sen e seu colega identificaram uma modificação da proteína chamada "palmitoilação" em neurônios de ratos que podem promover sinalização neuronal excessiva.
Uma proteína chamada delta-catenina, que envolve o desenvolvimento cognitivo e a formação da memória, é reconhecida por regular a modificação no cérebro, o que fortalece a comunicação entre os neurônios.
A equipe de Xin sugeriu que isso pode contribuir para o começo da dor crônica.
Eles primeiro induziram inflamações em ratos, expondo-os a um medicamento quimioterápico ou a uma lesão nervosa, e então traçaram como a delta-catenina interagia com outras estruturas no gânglio da raiz dorsal, um grupo de neurônios encontrados na medula espinhal.
"O gânglio da raiz dorsal desempenha papel fundamental na transmissão e regulação da sinalização da dor e encontramos a palmitoilação ativada de forma significativa lá, então nos concentramos no gânglio da raiz dorsal", disse Xin à Xinhua.
A equipe de Xin observou que a palmitoilação da delta-catenina aumentou no tecido neuronal após o início da inflamação.
A microscopia de fluorescência revelou que a palmitoilação media a formação de um complexo entre delta-catenina, KIFs, uma família de proteínas envolvidas no transporte de moléculas nas células, e canais iônicos de sódio dependentes de voltagem, que foram comprovados anteriormente envolvidos na transmissão de sinais da dor crônica.
Além disso, injetar compostos que inibem o acúmulo de delta-catenina ou a palmitoilação nos ratos aliviam sua dor, sugerindo que o alvejamento da palmitoilação pode ajudar a reduzir a dor crônica nas pessoas.
"O estudo clínico mostra que 37% dos pacientes com câncer experimentam dor contínua que pode levar ao fim da quimioterapia", assinalou Xin. "Elaborar um caminho molecular comum por trás dessas dores crônicas pode ajudar os pacientes a completar os ciclos de quimioterapia".