Mumbai, 3 abr (Xinhua) -- É imperativo que o Elefante Indiano e o Dragão Chinês dancem juntos para combater seus desafios de curto prazo e trabalhar no potencial de longo prazo, disse um economista indiano.
Mohammed Saqib, secretário-geral do Conselho Econômico e Cultural Índia-China (ICEC), compartilhou sua opinião sobre a cooperação econômica entre os dois gigantes asiáticos em uma recente entrevista à Xinhua.
Seus comentários foram feitos depois que uma delegação comercial chinesa visitou a Índia na semana passada, quando os dois lados assinaram 101 acordos comerciais no valor total de 2,38 bilhões de dólares americanos.
O ministro do Comércio da China, Zhong Shan, também visitou Nova Déli para a 11ª reunião do Grupo Conjunto China-Índia sobre Relações Econômicas, Comércio, Ciência e Tecnologia para aumentar ainda mais a cooperação.
Falando positivamente sobre essas novas tendências, Saqib disse que, embora as diferenças geopolíticas e geoestratégicas tenham tensionado os laços dos dois países de forma intermitente, "uma análise pragmática do relacionamento bilateral Índia-China e seus interesses compartilhados em múltiplos setores revela que a história real é "China e Índia" em vez de "China contra a Índia".
Apesar dos dois lados estarem travados com o impasse de Doklam (Dong Lang) no ano passado, o comércio bilateral atingiu um recorde de 84,4 bilhões de dólares em 2017, um aumento acentuado em relação ao ano anterior, disse Saqib.
"Este é um marco importante para os dois países", disse ele.
O economista indiano observou que os laços comerciais e econômicos entre os dois países mais populosos do mundo costumavam ser comparados a "dois navios gigantes que passam pela noite" nas últimas décadas, mas "o cenário está mudando, com a percepção de que os pontos fortes da China e da Índia são complementares e não conflitantes ”.
"Há consciência em Nova Déli e Beijing de que, dada a velocidade com que as economias da China e da Índia estão crescendo, há espaço suficiente para acomodar a história de crescimento da outra", disse Saqib.
A Índia é hoje o sétimo maior destino de exportação de produtos chineses e o 24º maior exportador para a China, disse Saqib. Dados da Administração Geral das Alfândegas da China mostram que as exportações indianas para a China aumentaram 40%, para 16,34 bilhões de dólares em 2017, o que é "um desenvolvimento saudável".
Prevendo o futuro da cooperação econômica bilateral, Saqib destacou que a China se tornou a "oficina de primeira linha mais rentável para produtos manufaturados", enquanto "o setor manufatureiro indiano está constantemente explorando maneiras de encontrar fontes mais baratas de maquinário e suprimento da China" para aumentar sua competitividade.
A China também tem a tecnologia e o capital de investimento para ajudar a desenvolver a Índia, disse ele, observando que a China está entre os líderes globais na construção de infraestrutura e tem reservas de mais de 3 trilhões de dólares, e o que a Índia precisa desesperadamente é investimento em infraestrutura.
"A China precisa de mercados de exportação para suas indústrias de infraestrutura e construção", disse ele. A Índia, por sua vez, precisando transformar seu modo de desenvolvimento, poderia oferecer "potencial de crescimento de longo prazo e imensas oportunidades para parceria e empreendimento".
Observando que a Índia e a China compartilham interesses comuns em múltiplos níveis de civilização, cultura e economia, Saqib disse acreditar que os dois vizinhos podem construir laços para manobrar com sucesso seus atuais desafios geopolíticos e geoestratégicos.
"É do interesse de ambos os gigantes asiáticos se unirem, em vez de se distanciarem", disse ele.
O Conselho do ICEC, fundado em 2003, é uma organização autônoma baseada que visa melhorar a cooperação econômica e cultural entre a Índia e a China.