Por Janaína Camara da Silveira
Beijing, 4 abr (Xinhuanet) -- A primeira Feira Internacional de Importação da China, que será realizada de 5 a 10 de novembro, em Shanghai, é uma oportunidade importante para que as empresas brasileiras possam acessar não só o mercado consumidor chinês, mas também uma plataforma para ampliar conversações com outros países, segundo a ministra-conselheira Econômica e Comercial da Embaixada da China no Brasil, Sra. Xia Xiaoling. A feira está entre as prioridades de trabalho da diplomata neste ano e é um dos quatro eventos internacionais mais importantes da China em 2018, ao qual se somam o Fórum Boao para a Ásia, a Cúpula da Organização de Cooperação de Shanghai e a Cúpula do Fórum de Cooperação China-Áfirica.
Para a feira em novembro, mais de 50 países já confirmaram presença, e a data limite para que empresas brasileiras se inscrevam é 30 de junho.
- O Brasil tem vinhos com premiações internacionais, e poucos chineses conhecem. Também há boas cachaças, chocolates, cafés, marcas de calçados e vestuário. Além disso, o país tem produtos de tecnologia avançada, tais como os aviões da Embraer e do biocombustível - avalia Xia.
A China tem um projeto para expansão do uso do etanol e, segundo a ministra-conselheira, produz 2,7 milhões de toneladas do produto ao ano. Mas até 2020, devido à política de governo para ampliar o uso, o país asiático precisará de 15,7 milhões de toneladas de etanol ao anos.
- É uma ótima oportunidade para o Brasil. Que, inclusive, tem a tecnologia dos motores automotivos flex, que permitem a utilização de diferentes combustíveis. É algo que certamente interessa aos fabricantes chineses - diz Xia, que também destacou a tecnologia brasileira para a extração de petróleo em águas profundas.
Outro setor que tem potencial para o mercado chinês, segundo a diplomata, é dos produtos fitoterápicos. Os chineses, acostumados à Medicina Tradicional Chinesa, que tem em compostos naturais um de seus pilares, são abertos a remédios extraídos a partir de plantas.
- O Brasil precisa aproveitar estas oportunidades -, acredita Xia.
Atualmente, o Brasil tem superávit comercial de mais de US$ 20 bilhões na balança comercial com a China, o principal parceiro desde 2009. Mas há uma percepção entre governo e empresários brasileiros de que é preciso ampliar a pauta de exportações, hoje muito concentrada em commodities, caso de soja, petróleo bruto e minério de ferro.
- A feira é uma plataforma que prova o quanto a China está comprometida com a globalização e que pode auxiliar países em desenvolvimento a compartilharem do crescimento que a China obteve. Nos próximos cinco anos, as importações devem chegar a US$ 10 trilhões - assegura a diplomata.
E não é só a feira que mostra o comprometimento da China em compartilhar os frutos do crescimento que obteve desde a política de reforma e abertura, que neste ano completa 40 anos e que impulsionou uma economia que hoje já representa mais de 30% da contribuição para o incremento da economia mundial, montante maior que o de Estados Unidos, União Européia e Japão juntos, segundo o Banco Mundial. Por meio do Ministério do Comércio e com objetivo de promover ainda mais as trocas comerciais e investimento bilateral, a China convida mais de trezentos empresários brasileiros ao ano para seminários na China. Em março, já foi realizado seminário de aproximação da cultura chinesa e brasileira de negócio, haverá um seminário para estudar aspectos do comércio eletrônico internacional, outros para a cooperação financeira, turismo, gerenciamento de média e pequena empresas ,jovens empreendedores e outros sediados na China. Tudo isso para aproximar o cenário comercial e ampliar o leque de investimento entre o Brasil e a China.
- Nossas portas estão abertas - resume Xia.