Bujumbura, 2 mai (Xinhua) -- Campanhas para um referendo sobre emendas constitucionais começaram na quarta-feira no Burundi, com os partidos políticos realizando manifestações em todo o país africano.
Campanhas para o referendo, que termina em 17 de maio, são permitidas até 14 de maio, de acordo com um decreto presidencial.
O projeto de Constituição prevê a criação do cargo de primeiro-ministro e de apenas um vice-presidente, enquanto a Constituição de 2005 prevê dois vice-presidentes. O primeiro-ministro deve ser designado pelo partido do governo, enquanto o vice-presidente virá de outro partido.
Ele estenderá o mandato presidencial de cinco anos, previstos na constituição de 2005, para sete anos e permitirá que o presidente cumpra dois mandatos consecutivos.
O projeto de Constituição será aceito se for aprovado por mais de 50% dos eleitores.
O partido do Conselho Nacional para a Defesa das Forças Democráticas pela Defesa da Democracia (CNDD-FDD) lançou a sua campanha em Gitega, uma província central, onde o presidente Pierre Nkurunziza pediu a todos os cidadãos para votarem "sim".
"Eu também vou votar pelo 'sim' durante o referendo constitucional. A constituição é nossa", disse ele.
"Adotar o referendo constitucional significa expulsar os colonizadores e opressores. Nós, cidadãos do Burundi, decidimos ter nosso destino em nossas mãos. Queremos preparar nosso próprio futuro e construir nossa própria nação sem depender de estrangeiros", Evariste Ndayishimiye, secretário-geral do CNDD-FDD, disse a uma multidão de membros do partido.
Segundo Ndayishimiye, a adoção do projeto de Constituição significaria o fim da desordem no Burundi e o presidente seria capaz de escolher os líderes para governar o país.
Outros partidos também iniciaram suas campanhas na quarta-feira.
Os aliados do partido no poder, como a União Nacional do Progresso, o partido do primeiro-vice-presidente Gaston Sindimwo, a Frente pela Democracia no Burundi, e o União para o Desenvolvimento e a Paz, também pediram apoio para o projeto de Constituição.
A coalizão oposicionista, Esperança dos Burundis, chefiada pelo primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional, Agathon Rwasa, começou a fazer campanha contra a emenda na Constituição no norte do Burundi.
Cerca de 5 milhões de cidadãos se registraram no plebiscito e nas eleições gerais, informou a Comissão Eleitoral Independente Nacional.
Nkurunziza foi eleito presidente pelo parlamento em 2005 e reeleito por sufrágio universal em 2010 e em 2015.
O Burundi mergulhou em uma crise em abril de 2015, quando Nkurunziza decidiu realizar sua polêmica tentativa pelo terceiro mandato, que ganhou em julho de 2015. Sua candidatura, que foi contrária à oposição e grupos da sociedade civil, resultou em uma onda de protestos, violência e até um golpe fracassado em maio de 2015.