A Universidade de Estudos Estrangeiros de Beijing (BFSU, na sigla inglesa) realizou ontem (6) a sétima edição do Festival da Canção em Língua Portuguesa, contando com a participação de concorrentes provenientes de universidades de todo o país.
Este ano, o evento contou com a presença do embaixador de Portugal da China, José Augusto Duarte; da embaixadora de Cabo Verde, Tânia Romualdo; do vice-reitor da BFSU, Yan Guohua, entre outros convidados chineses.
No discurso de abertura, o vice-reitor, Yan Guohua, deu os parabéns à organização do festival, assinalando o crescimento deste ao longo dos últimos sete anos: “Tem crescido em dimensão e influência”.
“Este festival não é apenas um palco para que os alunos mostrem o seu talento, mas também oferece uma oportunidade para conhecerem a cultura, história e arte por detrás da língua. Além disso constitui também uma ocasião importante para o intercâmbio da construção do curso de português, assim como a integração de qualidades essenciais dos alunos das universidades participantes”, acrescentou.
Tânia Romualdo, atual embaixadora de Cabo Verde na China dirigiu também algumas palavras aos participantes. “A língua portuguesa é o que nos une. Não é só a língua, mas ela acaba por facilitar a comunicação entre os países da CPLP, e também entre as restantes comunidades espalhadas pelo mundo”.
Referindo o número cada vez mais promissor de estudantes chineses que aprendem a língua portuguesa, a embaixadora falou também sobre os numerosos alunos provenientes de países da CPLP que se encontram a estudar na China. “Estas trocas linguísticas vão aproximar o diálogo, aproximar os povos e criar um ambiente de amizade e confraternização maior”, reforçou.
O embaixador português, por sua vez, afirmou ter conhecido, ainda em Portugal, vários diplomatas chineses formados em português na referida universidade. Revelando já ter sido professor, José Augusto Duarte salientou que é a simbiose entre o espírito de sacrifício dos alunos e também dos professores que produz resultados tão satisfatórios.
“Mas, para aprender uma língua não é apenas trabalhar, estudar a gramática, estudar a sintaxe, a literatura, estudar, estudar, estudar. Por vezes de forma lúdica e a brincar também se aprende muito. Acho que o facto de fazerem pela sétima vez consecutiva este festival mostra vontade de se divertirem e ao mesmo tempo de aprenderem”, comentou.
A concurso estiveram 14 canções interpretadas por alunos provenientes de universidades de Jilin, Beijing, Xi’an, Sichuan e Tianjin.
Após as atuações, e durante o intervalo, no qual foram degustados pastéis de nata e caipirinha — bebida alcoólica brasileira — os dois embaixadores mostraram-se impressionados com a qualidade do português de alguns alunos presentes.
“Acho que são boas iniciativas. Congrega a animação e o espírito e também serve de motivação para os alunos. É impressionante o nível de português dos alunos”, comentou o embaixador português.
A embaixadora cabo Verdiana expressou também o seu apreço: “Penso que a iniciativa é muito boa, mostra um lado muito divertido da língua e dá aos alunos uma oportunidade de vir mostrar o que aprenderam ao longo do ano letivo. O nível de português deles é muito bom, sobretudo quando ouvimos dizer que têm um ou dois anos de aprendizagem de língua. É impressionante”.
André Santos, professor do Instituto de Línguas Estrangeiras Huaqiao de Jilin, é um dos criadores da “Tuna” — agrupamento musical constituído por alunos do ensino superior — participante já em algumas edições do festival.
Sendo a Tuna uma tradição académica ocidental, André explicou que o grupo musical “dá oportunidade aos estudantes de conviver connosco, portugueses, e é uma forma de os tirar do mundo virtual deles, onde eles passam demasiado tempo. Nas aulas eles aprendem connosco, mas fora [das aulas] também é importante comunicarem connosco, conhecerem as nossas canções, os nossos costumes e tradições universitárias”.
No final do festival, a canção “Sobe, sobe balão sobe” interpretada por alunos da Universidade de Comunicação da China recebeu o prémio de popularidade. Eduarda (Xu Yukun) e Figo (Deng Chenchao), também da mesma universidade, receberam o prémio pela interpretação da canção brasileira “Águas de Março”.
Ao Diário do Povo Online Eduarda revelou que a escolha do português “nem sempre é porque escolhemos. É o que fazemos com essa escolha. Na altura a escolha não foi tão importante assim, mas agarrei essa oportunidade e agora quero sempre aprimorar a língua”.
“Costumo dizer isto quando me perguntam porque decidi estudar português: foi o português que me foi buscar”, disse Figo.
Ambos acreditam que ouvir música em língua portuguesa é uma forma de aprender a língua e conhecer mais sobre a cultura dos países lusófonos.
O evento contou ainda com outras atuações especiais, um jogo para os convidados e degustação de especialidades, promovendo o intercâmbio cultural entre os presentes.