Greve dos caminhoneiros leva presidente da Petrobras a apresentar sua demissão

Fonte: Xinhua    04.06.2018 09h26

Rio de Janeiro, 2 jun (Xinhua) -- O presidente da empresa estatal de petróleo brasileira Petrobras, Pedro Parente, apresentou nesta sexta-feira sua demissão, provocada pela greve dos caminhoneiros que obrigou à companhia a reduzir o preço do diesel, algo a que o executivo se opunha.

A demissão, anunciada ao mercado como "irrevogável" ocorreu no dia em que Parente completava exatos dois anos no cargo, que assumiu em 1º de junho de 2016, em uma das primeiras mudanças realizadas pelo presidente Michel Temer assim que chegou ao poder devido ao impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff.

Parente se reuniu pela manhã com Temer para lhe comunicar pessoalmente a decisão de caráter "irrevogável" e entregou uma carta na qual assegurou que a greve dos caminhoneiros e "suas graves consequências na vida do país" provocaram um debate "intenso e às vezes emocional" sobre as origens da crise e fizeram com que a política de preços da Petrobras sob sua gestão fosse colocada "em dúvida".

Desde julho de 2017, o preço da gasolina e do diesel comercializados nas refinarias brasileiras aumentou em mais de 50% e os valores estavam sendo reajustados diariamente, em função do mercado internacional e da cotação do dólar, o que levou à paralisação dos caminhoneiros e provocou o caos no país, com desabastecimento de combustível, alimentos e remédios, atingindo todos os setores, por doze dias.

No inicio da greve, Parente disse que não modificaria a política de preços, mas acabou por anunciar um desconto de 10% no preço das refinarias por 15 dias, o que estava longe de atender às demandas dos caminhoneiros. Com o prosseguimento da paralisação, o governo acabou por se comprometer, domingo passado, a reduzir do preço do litro do diesel em 46 centavos de real (US$ 0,12) e a congelar o preço por 60 dias, entre outras medidas.

"Refleti muito sobre tudo que aconteceu. Está claro, senhor Presidente, que novas discussões serão necessárias", afirmou Parente na carta enviada a Temer. "Diante desse quadro, fica claro que minha permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente", acrescentou.

Durante sua gestão, Parente conseguiu que a Petrobras voltasse a ter números positivos em seu balanço. Após chegar em 2017 ao quarto ano no vermelho, a empresa registrou no primeiro trimestre deste ano um lucro líquido de 6,96 bilhões de reais (US$ 1,96 bilhão de dólares), 56% a mais que no mesmo período do ano passado e o melhor resultado para um primeiro trimestre em cinco anos.

No final do dia, Temer anunciou o nome de Ivan Monteiro, atual diretor financeiro da Petrobras como presidente interino para ser validado pelo Conselho de Administração da Petrobras e aproveitou o pronunciamento para afirmar que "não haverá interferências" na política de preços da empresa.

(Web editor: Renato Lu, editor)

0 comentários

  • Usuário:
  • Comentar:

Wechat

Conta oficial de Wechat da versão em português do Diário do Povo Online

Mais lidos