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Editorial: A China não irá ceder perante ameaças dos EUA

Fonte: Diário do Povo Online    07.08.2018 14h35

Washington está adotando posições contraditórias no conflito comercial atualmente em vigor. Por um lado, ameaça aplicar uma tarifa de 25% em 200 bilhões de dólares de produtos chineses importados, isto depois da aplicação de 10%. Por outro lado, enviou sinais, através de vários meios, nos quais dizem estar disponíveis para negociar com a China.

Dos 50 bilhões, passou aos 200 bilhões e, mais recentemente à proposta de 500 bilhões de dólares. De 10% a 25% em tarifas. A tática de taxação de Washington foi já posto a descoberto pela China.

Este esquema originou uma nova estratégica de confrontação comercial, na qual, simultaneamente, é demonstrada a disponibilidade para negociações. A opinião vigente é de que os EUA pretendem usar uma diplomacia de “dupla abordagem” para conseguir da China concessões comerciais unilaterais, sustentada pelas ações de membros mais radicais da Casa Branca, que neutralizam as vozes dos que apelam à negociação. 

No entanto, ambos os grupos partilham a mesma meta: derrotar a China. Não importa se a via escolhida é o conflito ou a negociação. Todavia, parece não existir forma de que saiam satisfeitos.

Ao apontarem a artilharia contra a China, e depois apelarem ao diálogo, os EUA não têm demonstrado qualquer sinceridade. Os indicadores econômicos americanos recentemente anunciados, impulsionaram a confiança de Washington, ofuscando a visão do “Tio Sam” com arrogância, ponto deste desconhecer a sua posição antes de avançar para um embate com a China.

É bem possível que o conflito comercial possa escalar, tendo em conta que ambas as partes não atingiram ainda um ponto de impasse estratégico. Os analistas referem que a China sofreu um maior impacto com a fase inicial, mas que os EUA serão prejudicados a longo prazo. É defendido, no entanto, que a China irá eventualmente derrotar a chantagem comercial dos EUA, sendo impossível que o país se renda perante a coerção estadunidense.

As contramedidas tomadas pela China são respostas de autodefesa. O país insistiu no princípio de “não disparar o primeiro tiro”, mas irá responder em caso de ameaça.

 

O país tem se preparado adequadamente para uma luta contra a ascensão tarifária dos EUA, mas não irá optar por uma abordagem de auto-exaustão neste conflito. Independentemente da forma que os EUA escolham para intensificar o atrito comercial, a China irá reagir de acordo com as circunstâncias.

Embora a China não inicie uma luta, é capaz de atingir os pontos fracos dos seus oponentes para se defender.

Embora os EUA sejam um país aparentemente possante e sólido, é, de fato, vulnerável no seu núcleo. Washington é demasiado paranoico e teimoso para dar ouvidos aos interesses dos agricultores, empreendedores e consumidores americanos.

Na verdade, algumas firmas americanas encontram-se já prestes a colapsar, e o setor agrícola foi já severamente atingido pelo conflito comercial.

As tarifas adicionais aumentaram os custos de produção das empresas americanas em mais de 30%, arrastando-as ao limiar da falência. A administração Trump diz pretender trazer as empresas americanas de volta ao solo estadunidense através do embate comercial. Não obstante, devido às elevadas tarifas praticadas, algumas firmas saíram do país, como é o caso da Harley-Davidson e da Tesla.

Se Washington continuar a escalada de tarifas para os 200$ bilhões de produtos chineses importados, um elevado número de consumidores americanos comuns irá ser afetado.

Uma parte considerável dos nomes na nova lista proposta são bens de consumo, o que significa que o aumento de impostos irá aumentar o custo de vida dos cidadãos, e que tal se refletirá, por sua vez, na sua qualidade de vida. Certamente que as vozes da oposição nos EUA irão se insurgir ao ponto de travar Washington de agir de modo caprichoso.

A China tem se dedicado à resolução de disputas pela via do diálogo. O povo chinês, porém, não dá mais crédito à sinceridade de Washington no seu apelo à negociação. Esta conclusão foi atingida após os anteriores turnos inconclusivos de negociações.

Ao abandonar incessantemente os seus compromissos, os EUA voltaram atrás na palavra perante a China e o mundo. Apenas o respeito mútuo e o cumprimento das promessas firmadas levam ao diálogo. Se os EUA continuarem a agir de modo arbitrário, a China não irá hesitar em ripostar com contra medidas mais peremptórias.

Um conflito comercial não pode ser articulado de modo imprudente pela China, dado que um empreendimento desta dimensão irá resultar em perdas. A China não escolheu uma disputa comercial, mas foi forçada a aceitar uma. O país não se irá render perante os EUA, e não poderá ignorar tal ameaça. O único caminho é encará-la e vencê-la.

O desenvolvimento que elevou a China ao patamar onde hoje se encontra, deriva do seu sucesso em aproveitar oportunidades num clima altamente competitivo. É com esta filosofia que o país poderá sair vitorioso de um confronto comercial, dando continuidade ao percurso de sucesso que até aqui protagonizou.  

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