Belo Monte é o primeiro projeto ultramarino de transmissão de ultra-alta tensão (UHV, na sigla inglesa) no qual a China investiu de forma independente. O atual início da segunda fase representa um grande passo na iniciativa Um Cinturão e Uma Rota na América Latina.
O projeto de transmissão de energia, com mais de 25 quilômetros de extensão, conecta a Floresta Amazônica, no norte, e o Rio de Janeiro, a sul. Depois de concluído, fornecerá eletricidade a 18 milhões de pessoas.
A construção é complexa, não apenas pelo complicado ambiente natural da Amazônia, mas também pelas regulamentações ambientais brasileiras, reconhecidas em todo o mundo.
Cai Hongxian, chefe da filial brasileira da State Grid, disse que a complexidade do ambiente e das leis locais foi o primeiro desafio.
"Nós operamos como proprietários individuais. Nesse caso, precisamos nos adaptar às leis e regulamentos locais, como por exemplo, realizando um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e estudando os regulamentos de desapropriação de terra. Isso representa um grande desafio. A terra brasileira é privatizada, por isso precisamos negociar com o senhorio sempre que as rotas passam pelo seu terreno. Passamos de três anos para resolver essas questões".
O projeto está agora em andamento, e é esperado que a linha seja concluída dois meses antes do prazo estipulado.
Li Jinzhang, embaixador chinês no Brasil, afirmou que a tecnologia UHV se tornou um cartão-de-visita do "Fabricado na China", injetando um forte impulso para a cooperação entre a China e o Brasil em várias áreas.
"Este projeto é a primeira vez que a China aplica a tecnologia de transmissão UHV no exterior. A construção do mesmo inaugurou uma nova etapa histórica, que marca o reconhecimento da tecnologia UHV e outras tecnologias criadas na China por outros países. Por meio do projeto de Belo Monte, o governo, as empresas e a população local do Brasil expressaram a vontade e o interesse em aprofundar a cooperação mutuamente benéfica e vantajosa para todos”.
Moreira Franco, ministro da energia e mineração do Brasil, falou sobre o projeto e destacou a importância da colaboração entre as empresas dos dois países.
"A implementação do projeto Belo Monte ajudará a aumentar o crescimento econômico do Brasil e a promover a integração de recursos. Os ricos recursos hidrelétricos na região norte podem ser transportados para o principal mercado de consumo de energia no sudeste. Este é o resultado dos esforços conjuntos entre a Companhia Brasileira de Energia Elétrica e a State Grid da China, demonstrando o grande potencial de cooperação pragmática entre os dois países. "
O projeto da segunda fase de Belo Monte não só promoveu o desenvolvimento socioeconômico local no Brasil, como também levou a uma importação de equipamentos de tecnologia UHV chinesa no valor de quase 5 bilhões de yuans.
A State Grid da China está se esforçando para expandir os seus negócios locais, buscando cooperação com empresas de equipamentos elétricos europeias e brasileiras.