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O Brasil identifica a China como um parceiro confiável, defende especialista

Fonte: Diário do Povo Online    29.08.2018 14h00

Por Ronnie Lins

No mês passado, participei em vários eventos acadêmicos em Beijing, Shanxi e Shaanxi. Como acadêmico envolvido na pesquisa sobre questões chinesas, visito a China todos os anos desde 2011. Já visitei várias cidades e regiões e tenho testemunhado mudanças tremendas desde a reforma e abertura do país.

Os meus colegas e amigos sempre dizem que, de toda a vez que vou à China, eu vejo uma nova face do país. O progresso da minha pesquisa não é capaz de acompanhar as mudanças, e esse é o sentimento comum de todos. De fato, todos os latino-americanos que visitam a China, independentemente do seu trabalho, ficam impressionados com os feitos do gigante asiático.

Na minha opinião, a maior mudança nos últimos 40 anos é a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Nos últimos anos, a cada ano, dezenas de milhões de chineses são retirados da pobreza. Os padrões de qualidade de vida das pessoas têm sido continuamente melhorados, o que se reflete diretamente nas necessidades básicas: escolha de alimentos mais diversificada; cada vez mais pessoas compram carro; excursões domésticas e viagens ao exterior são também cada vez mais frequentes.

A área e população do Brasil ocupam o quinto lugar no índice mundial, mas o país não tem ainda nenhum sistema de transporte ferroviário, tal como muitos países latino-americanos não têm ferrovias. É nesse sentido que me preocupo particularmente e admiro as conquistas da infraestrutura da China, especialmente a construção de ferrovias de alta velocidade. Os trilhos são rápidos, pontuais, seguros e estáveis, e apresentam superioridade perante outros veículos.

A China deixou uma impressão profunda em mim em três aspetos. Primeiro, a segurança é o pré-requisito mais importante para garantir o sustento das pessoas. A China é atualmente um dos países mais seguros e um dos países com a menor taxa de assassinatos do mundo. Este sucesso deve ser atribuído ao controle efetivo do governo chinês sobre armas, bem como à melhoria contínua do sistema de prevenção e controle da previdência social.

Em segundo lugar, os benefícios que a reforma e abertura da China trouxeram ao mundo. O Brasil está também beneficiando dessa política. A China não é apenas o maior parceiro comercial do Brasil, mas é também o maior investidor.

No início deste ano, a empresa de transportes compartilhados “99” foi adquirida por uma empresa chinesa. Após vários meses de adaptação e desenvolvimento, o número de passageiros passou de 400 mil, em abril, para os atuais 800 mil, resolvendo o problema de empregabilidade de 300 mil motoristas.

Por último, a China e os chineses são cada vez mais reconhecidos no Brasil. Os funcionários chineses no Brasil nos ensinam diariamente sobre os resultados do seu trabalho diligente. O estabelecimento de 10 Institutos Confúcio e os vários intercâmbios culturais também nos permitiram ter uma maior compreensão da longa história e da vasta cultura da China. As conquistas da construção do Cinturão e Rota devolveram a esperança a muitos brasileiros. Invejamos a velocidade do crescimento da China, mas também ansiamos pelo rápido desenvolvimento do país, esperando fortalecer a cooperação bilateral em infraestrutura, tecnologia, equipamentos e treinamento de pessoal.

Não importa o quanto a situação política no Brasil mude, sempre reconheceremos que a China é um parceiro confiável do país. As vantagens do Brasil e da China são complementares por natureza.

Na verdade, estamos ansiosos por entender melhor a China. Atualmente, os Institutos Confúcio são ainda escassos, estando muitos estados à espera de uma abertura. Mais e mais brasileiros estão dispostos a vir para a China para estudar. Atividades culturais como cursos, palestras e fóruns na China estão em constante crescimento. No Rio de janeiro, nos últimos anos, foram criados três centros de pesquisa da China e o Centro Político do BRICS, na Universidade Católica, que também tem a China como principal objeto de estudo.

A minha investigação centra-se no pensamento político contemporâneo chinês, em particular, na governança do Presidente Xi Jinping, a fim de fornecer uma referência para o Brasil. O povo chinês tem características únicas, desde objetivos claros, confiança firme, coragem e persistência, e é por isso que acredito que a China poderá concretizar o sonho chinês.

Na verdade, todos os países devem ter sonhos e objetivos. Sem metas claras, o governo não terá um roteiro definido, tornando mais difícil alcançar o sucesso. É isso os países da América Latina devem tentar evitar no seu caminho no futuro, aprendendo com o conhecimento e experiência da China.

 

[Ronnie Lins é presidente do Centro China-Brasil: Pesquisa e Negócios (CCB)] 

 

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