O ensino à distância supera a barreira da distância e confere às crianças isoladas o acesso ao mundo exterior, refere o jornal Zou Shuo.

Quando Yang Xiaoli era mais jovem, ela perguntava à mãe o que existia do outro lado da montanha ao lado da sua casa. A mãe costumava simplesmente responder, “mais montanhas”.

Recentemente, quando lhe perguntaram o seu sonho quando crescer, a criança de 12 anos de Ninglang, no sudoeste da província de Yunnan, respondeu sem hesitação, “viajar pelo mundo”.

No entanto, o máximo de distância que ela percorreu foi até ao centro de Ninglang, a cerca de 20km da sua casa. A viagem levou cerca de 3 horas, confirmando a afirmação da sua mãe – Yang teve de percorrer 3 montanhas para atingir o seu destino.

Desde 2016, tal como outros estudantes da escola primária de Xinxing, na vila de Yongning, em Ninglang, Yang teve dois professores de inglês: um professor convencional, e um estrangeiro, nativo, que dá aulas online, a milhares de quilómetros de distância.

A maioria das aulas são garantidas de forma gratuita por empresas de educação como parte dos seus programas de responsabilidade social corporativa.

 “Pela primeira vez na vida, posso ver uma pessoa estrangeira falar comigo em inglês. Estou tão entusiasmada”, disse Yang.

A professora estrangeira apresentou a Yang e aos colegas fotografias de edifícios icônicos, como a torre Eiffel, a Estátua da Liberdade, o Museu Metropolitano de Arte e o London Eye.

Desde então, as aulas semanais passaram a ser mais do que aprender uma língua. “Há uma janela para o mundo externo e isso faz-me pensar que um dia poderei ver o que o mundo tem para oferecer atrás das montanhas”, disse Yang.

Investimento

Desde 2012, várias escolas nas regiões rurais da China têm assistido a grandes desenvolvimentos em infraestruturas, como resultado do investimento governamental em educação, ascendendo a mais de 4% do PIB. No ano passado, a cifra foi de 3.4 trilhões de yuans (494$ bilhões).

No entanto, o maior obstáculo na garantia de educação às crianças em regiões rurais é a escassez de professores disponíveis para dar aulas em tais locais isolados.

Apesar das medidas governamentais para atrair e reter mais professores rurais – incluindo maiores salários, subsídios e até educação universitária gratuita para estagiários que se comprometam a trabalhar em regiões rurais por um período determinado – o número continua em queda.

De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Educação, havia 4.7 milhões de professores em zonas rurais em 2010, mas o número caiu para 3.3 milhões em 2013.

Como resposta, os especialistas consideraram o ensino online é, cada vez mais, uma resposta ao problema.