A China deve procurar aliados entre as maiores potências comerciais, cujos produtos estejam sujeitos às tarifas dos EUA, à medida que Washington afeta a economia mundial, segundo a sugestão recente de um especialista.
O comentário segue-se ao aumento de tarifas em $200 bilhões de produtos chineses de 10% para 25% em 10 de maio. Em resposta, a China aumentou as tarifas para 25% em alguns produtos em uma lista de $60 bilhões de produtos americanos, com início no sábado.
“Ambas as partes estão tomando uma postura dura e ninguém está disponível para recuar”, disse Ei Sun Oh, um acadêmico do Instituto de Assuntos Internacionais de Singapura.
Ele disse que os EUA ameaçaram recentemente impor tarifas em outros países, como o México e a Índia, estando, portanto, instigando uma “guerra comercial”.
A China deve procurar aliados entre os países atingidos por estas ameaças americanas. Beijing teria mais poder nas negociações com Washington, se um dia ambos países decidirem recomeçar o diálogo.
Em um comunicado na sexta-feira, a Casa Branca disse que os EUA irão terminar na quarta-feira o tratamento preferencial do comércio para a Índia, o qual isenta bilhões de dólares de seus produtos das tarifas estadunidenses, devido ao seu estatuto de país em desenvolvimento.
O presidente Donald Trump disse também que iria impor 5% de tarifas em todos os produtos importados do México com início a 10 de junho e gradualmente aumentá-las para 25%. Essas tarifas continuariam até que a emissão de migrantes não documentados fosse resolvida.
Aaron Jed Rabena, da Asia-Pacific Pathways to Progress em Manila, disse que os EUA pretendem um acordo que defenda a sua política “América Primeiro”, e a China não pretende um desenlace que impeça o seu ritmo de liberalização econômica.
Jochum Haakma, presidente da Associação de Negócios EU-China em Bruxelas, disse: “Os EUA estão tentando conter a China, pois querem prevenir que a China se torne uma superpotência econômica dominante”.
“As pessoas não se devem esquecer que a UE tem vindo a ser o maior parceiro comercial da China por 14 anos e que as empresas europeias investiram o dobro na China que os EUA fizeram ao longo da última década”, disse ele.
Os líderes europeus e chineses concordaram em abril que, até 2020, poderiam assinar um tratado de investimento, fomentando o acesso recíproco aos seus mercados. Isto serviria para colmatar o consenso alcançado em 2018 no qual a China e a UE promoveriam em conjunto o multilateralismo e reforçariam o atual sistema de comércio baseado em regras.