Por Beatriz Cunha
Jair Messias Bolsonaro, presidente do Brasil, participou do programa de palco “The Noite”, de Danilo Gentili, a 30 de maio de 2019.
O presidente em exercício, o primeiro a participar do programa de Danilo Gentili, proporcionou uma conversa, com momentos de bom humor e seriedade, abrangendo sua vida pessoal e profissional como presidente.
Como autoridade máxima do Executivo, o presidente afirmou que embora continue com os mesmos ideais, encara as novas mudanças como “uma missão de Deus”. Embora de certo ângulo se sinta em uma “prisão domiciliar”, visto que não desfruta mais da liberdade que lhe era advinda da condição de cidadão comum.
O presidente tem uma visão clara que pode ser alvo de possíveis ataques, como ocorreu em período de campanha, e, por questão de segurança, não desfruta mais da liberdade de frequentar espaços públicos abertos. Contudo, afirma que entende ser um sacrifício que vale a pena.
Jair se emocionou quando questionado sobre a facada que recebeu no período de campanha presidencial, no ano passado. Segundo o presidente, na época da campanha ele já contava com 20 seguranças da Polícia Federal, um direito que lhe é garantido por lei.
Tendo em vista o perigo iminente, Jair planejava que esta fosse sua última atividade com grande proximidade ao público. O episódio o deixou entre a vida e a morte. A investigação sobre o caso está ainda em curso. O presidente diz acreditar que o caso será solucionado muito em breve.
Bolsonaro afirma ter maior conciência sobre a vida, e diz: “Não deseje a minha cadeira... porque a barra é pesada”. Ainda assim, o presidente diz-se cada vez mais convicto de suas escolhas.
Ele afirma que busca cumprir as promessas de campanha já no início de seu mandato.
No que se refere à reforma da previdência, o presidente afirma que o país está realizando o pagamento de gastos obrigatórios com dificuldade. Por isso, apresentou um projeto para suplementar a verba em mais de 200 bilhões de reais.
Para ele, a longevidade da população é um fator que influencia a escassez de recursos financeiros do país. “O sistema não suporta você trabalhar 30-35 anos e ficar mais o mesmo tanto recebendo da previdência.”
O presidente afirma, com base em consulta com o ministro da economia, Paulo Guedes, que, se não houver reforma na previdência, o Brasil irá quebrar até 2022 e a inflação pode disparar como no período do presidente Sarney. Ele afirma que o plano real, do presidente Itamar Franco, deu certo. Contudo, sem a reforma da previdência, pode haver necessidade em ajustar o valor da moeda.
Questionado sobre a contribuição da classe política, o presidente exemplificou que ele mesmo já havia adquirido o direito de se aposentar como parlamentar, com a quantia aproximada de 30 mil reais. Mas após a reforma da previdência, este valor cairia para o teto salarial, que é de 5.800 reais.
Nas palavras do presidente, haverá um desgaste muito grande, já que se aumentará o tempo de serviço e se diminuirá o valor de pensão e aposentadoria. Porém, ele lembra que a dívida interna já é de 4 trilhões de reais, dos quais mais de 1 trilhão refere-se aos juros, e que esta dívida deve ser paga.
Para a suplementação de caixa, o empréstimo que está realizando, cujo valor aproximado é de 200 bilhões, o presidente afirma que o Brasil deverá pagar o equivalente a mais de 20 bilhões de taxa de juros por ano, além do valor original da dívida.
“A tentativa com isso (da reforma da previdência), é fazer com que entre mais recursos no caixa, sem aumentar imposto”, explica, “não existe possibilidade de gastar tanto, como se gastava no passado, sem responsabilidade”.
Além da proposta de reforma da previdência do ministro Paulo Guedes, o governo está avaliando a proposta da reforma tributária do Deputado Baleia Rossi, de São Paulo. Para o presidente, a reforma tributária deve ser complementar à da previdência.
Bolsonaro esclarece que, apenas em 10 anos será possível obter o resultado desejado, de eliminação da dívida interna. Mas enfatiza que em 3 meses já será possível perceber os benefícios da reforma.
O presidente salienta que para a democracia se fazer presente, a classe política precisa se ajustar aos anseios da população, e considera que as manifestações pró-reforma, realizadas a 26 de maio em 156 cidades de 26 estados, sinalizam que a população anseia por mudanças.
Questionado por Danilo Gentili sobre as manifestações contra o governo, o presidente afirma que elas também devem ser ouvidas, e afirma ser importante proceder corretamente, e sempre comunicar a verdade sobre os problemas do país.
A respeito de sua declaração de que os manifestantes que criticavam os cortes de verba do MEC seriam “idiotas úteis” e “massa de manobra”, o presidente retifica sua fala, afirmando que seria coerente ter dito “inocentes úteis”. Para ele, muitos professores usam os alunos em causa própria, com o intuito de desestabilizar o governo.
Jair Bolsonaro afirma que os ministérios são muito aparelhados, em especial o ministério da educação, e acredita que algumas mudanças são necessárias. Para ele deve haver espaço para discutir filosofias, mesmo elas sendo contrárias entre si.
O presidente afirma que a população brasileira é a mais ativa nas redes sociais, e acrescenta que defende a mídia livre, onde o indivíduo tenha sempre liberdade de expressão. Quando questionado sobre críticas na rede, afirma que “Estamos tendo um momento ímpar de mudar o destino do Brasil”. E não se deixa abater pelas críticas ou até mesmo falas desrespeitosas advindas por meio virtual.
Sobre o porte de armas, o presidente eleito mostra-se confiante de que a população será capaz de fazer o uso responsável. Ele considera que o cidadão valoriza a liberdade e possui também o direito legítimo de defesa. Para ele o direito de posse de arma, incita no criminoso a dúvida, o inibindo de atacar a população.
Jair vê na certeza do desarmamento um fator que propulsiona a violência no Brasil. E afirma que é possível rastrear a procedência da arma, e por isso, caso o cidadão faça uso indevido da mesma, irá responder criminalmente por isso.
Bolsonaro acredita que em 2022, no fim do seu mandato, caso todas as metas sejam atingidas, a ser iniciada com a Reforma da Previdência, o Brasil será a 7ª economia do mundo, com baixa taxa de desemprego e melhor desempenho nas provas do PISA.