Comentário: Pode a China deixar que hesitações comprometam o futuro desenvolvimento do país?

Fonte: Diário do Povo Online    20.06.2019 16h05

Por Peng Hui, Diário do Povo Online

“Se não for proposta a estratégia ‘Made in China 2025’, se não for implementado o ‘Plano dos 1000 Talentos’, se não forem defendidos os direitos no Mar do Sul da China...”. Desde o início das fricções econômicas sino-estadunidenses, há uma voz ininterrupta apregoando que, “se” a China se “mantiver discreta”, respeitando na íntegra a liderança dos EUA, não desafiando a sua autoridade, será possível “viver em paz e felicidade”.

Tal é o mesmo que dizer: “se” a China não se sentar à mesa para comer, os EUA não destruirão a mesa. A questão é – serão os EUA os únicos qualificados a estar à mesa deleitando-se com bifes acompanhados de vinho tinto, enquanto a China se esconde num qualquer recanto?

Esta série de “ses” deixa transparecer uma opressão não justificada, resultante da incapacidade de lidar com a situação de modo proactivo, em prol da defesa de direitos e interesses legítimos. Fazê-lo equivale a “incorrer em pecado”. Se a lógica dos EUA de se impor sobre a China equivale à imagem do patriarca intransigente que não admite que ponham a sua autoridade em causa, então a referida fação chinesa dos “ses” corresponde precisamente a uma classe servil e reminiscente à figura de Ah Q (do consagrado autor chinês Lv Xun).

A posição da elite americana nos EUA é favorável à “manutenção da liderança mundial” – este é o seu interesse fundamental. Pôr em causa a liderança dos EUA é o mesmo que pôr em causa os interesses do país. A história revela que os EUA sempre tiveram que conviver com a competição da segunda potência. Assim foi com o Reino Unido, Japão, União Soviética e com a União Europeia. Esta é a reação instintiva dos EUA para manter a sua hegemonia. É uma manifestação direta da “lei da selva” no domínio da política internacional. Não é algo que se baseie no desejo popular.

A força da China deixou de ser a palidez dos tempos prévios à implementação da política de reforma e abertura, avançando hoje em dia a todo o vapor. O PIB per capita cresceu de $160 em 1978 para cerca de $10,000 em 2018. Outrora a 15ª economia no ranking mundial, a China ocupa hoje o segundo posto na tabela. Somos agora o maior país de comércio de mercadorias do mundo e a segunda maior potência no setor dos serviços. O uso de capital e investimento estrangeiro são também os segundos maiores do mundo. Em 2010, o PIB da China superou o Japão, saltando para a segunda posição mundial, tendo desde então mantido um forte ritmo de crescimento. A prevenção e contenção dos EUA contra a China não se trata de um capricho, mas de algo deliberado. Não há espaço para fações de “ses” nem para quaisquer hesitações.

Os EUA constantemente aprofundam as fricções comerciais, exercem pressões sobre as empresas tecnológicas chinesas, e, durante as negociações com a China, prevalece a desonestidade. Face a esta conjuntura, do lado chinês, a fação dos “ses” prefere adotar uma postura de “ganhar tempo”, exigindo que a China engula o seu orgulho. Esta fação atribui os resultados da pressão econômica, como seria de esperar, à recusa em manter uma postura passiva. Não estaremos perante um contrassenso estratégico?

Perseverança na modéstia e na prudência, não dizer coisas em vão, passar da teoria à prática, não ostentar, não tomar a liderança, não almejar a hegemonia, estas são as premissas essenciais da postura de “descrição”. Estes são valores aos quais devemos aderir nesta nova era. No entanto, é preciso clarificar uma questão: embora persistamos no caminho de desenvolvimento pacífico, isso não implica que desistamos dos nossos direitos legítimos. Não podemos sacrificar os interesses fundamentais do nosso país. Nenhum país estrangeiro que pretenda impor a negociação dos nossos interesses fundamentais poderá esperar que a China esteja disposta deitar por terra a sua soberania, segurança, e o seu desenvolvimento, fruto de um longo trabalho árduo.

A lógica é simples: qualquer cedência que a China faça no que concerne aos seus interesses fundamentais, significa desistir das suas aspirações futuras de desenvolvimento nacional. Nesta questão a história não dá espaço a hesitações ou suposições, a China não terá “ses”.

(Web editor: Renato Lu, editor)

0 comentários

  • Usuário:
  • Comentar:

Wechat

Conta oficial de Wechat da versão em português do Diário do Povo Online

Mais lidos