Desde que a guerra comercial sino-estadunidense começou no ano passado, a estratégia de imposição de tarifas alfandegárias do presidente Donald Trump reuniu muita oposição e queixas nos EUA. Na quarta-feira, 100 especialistas de China, a maioria dos quais dos EUA, publicou uma carta aberta no jornal Washington Post, exortando Trump e o congresso norte-americano a não considerar a China um inimigo.
A carta reúne sete proposições que representam o ponto de vista coletivo dos especialistas sobre a China. Os autores, provenientes de algumas das instituições de educação e think tanks mais prestigiados do mundo (Universidade de Harvard, MIT, Carnegie Endowment for International Peace) explicam que, tratar a China como um inimigo, irá danificar o papel e reputação internacionais dos EUA, e até mesmo sabotar os interesses econômicos de todas as nações.
A carta, escrita por 5 especialistas e assinada por 100 analistas especializados na China, começa por expressar profundas preocupações “sobre a crescente deterioração das relações estadunidenses com a China”, as quais não correspondem aos interesses globais americanos.
“Embora nos sintamos atingidos pelo recente comportamento de Beijing, o qual requer uma reposta forte, acreditamos também que muitas ações dos EUA estão contribuindo diretamente para a deterioração das relações”, enfatiza a carta.
As sete proposições detalhadas na carta abrangem políticas e a economia, mas focam-se na mesma questão – manter laços amistosos e fortes com a China, bem como com os aliados e parceiros americanos. Os especialistas acreditam que o equilíbrio entre a competição e cooperação pode reforçar a relação entre as duas maiores economias do mundo.
“Em conclusão, a mentalidade dos EUA face à China tem que se focar na criação de coalizões perenes com outros países, em prol dos objetivos econômicos e de segurança”, refere o documento.
Apontando para as 100 assinaturas na carta, a mensagem dirigida ao presidente sublinha que isto “indica claramente que não existe nenhum consenso em Washington que seja favorável à postura hostil face à China”.
Esta não é a primeira vez que especialistas apelam ao presidente para ter contenção nas suas políticas comerciais agressivas. Em maio de 2018, 1,143 economistas, incluindo 15 prémios Nobel, escreveram uma carta aberta a Trump pedindo que evitasse os erros cometidos na década de 30 do século passado, devido às suas políticas protecionistas.