O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, disse na segunda-feira à imprensa que o governo tem "preocupações muito sérias" sobre os potenciais riscos à segurança nacional do sistema financeiro norte-americano.

Mnuchin disse que desde o anúncio do mês passado feito por um consórcio liderado por uma subsidiária do Facebook que uma criptomoeda chamada Libra está em desenvolvimento, "o Departamento do Tesouro manifestou sérias preocupações de que a Libra possa ser mal utilizada por lavadores de dinheiro e financiadores terroristas".

"Criptomoedas como Bitcoins foram exploradas para apoiar bilhões de dólares em atividades ilícitas como crimes cibernéticos, evasão fiscal, extorsão, ransomware, drogas ilícitas e tráfico de pessoas", disse Mnuchin, acrescentando que o abuso do dinheiro digital gera problema de segurança."

O secretário disse que os Estados Unidos "não permitirão que os provedores de serviços de ativos digitais operem nas sombras e não tolerarão o uso de criptomoedas em apoio a atividades ilícitas".

Mnuchin disse que as regras que regem os prestadores de serviços monetários se aplicam a transações físicas e eletrônicas, e que os transmissores de dinheiro criptografado "estão sujeitos a exames de conformidade como qualquer outro banco dos EUA".

Ele disse que a Rede de Repressão aos Crimes Financeiros do seu departamento "vai manter qualquer entidade que transacione em Bitcoin, Libra ou qualquer outra criptomoeda em seus mais altos padrões".

As críticas de Mnuchin às criptomoedas em geral ocorreram quando o presidente Donald Trump twittou na quinta-feira que "não é fã do Bitcoin e de outras criptomoedas, que não são dinheiro e cujo valor é altamente volátil e baseado no ar rarefeito". O secretário repetiu as mesmas afirmações durante o briefing.

"Estamos preocupados com a natureza especulativa da Bitcoin e vamos garantir que o sistema financeiro dos EUA seja protegido contra fraudes", disse Mnuchin a repórteres.

O Facebook anunciou em um documento oficial em junho que lançaria "uma criptomoeda de baixa volatilidade" chamada Libra, que segundo ela seria administrada por uma organização sem fins lucrativos sediada em Genebra, na Suíça, a Associação Libra. As partes interessadas da Associação Libra incluem PayPal, Visa e Mastercard, Uber, entre outros.

O Facebook vai lucrar com a Libra através de sua subsidiária blockchain, a Calibra, que está construindo uma carteira digital para armazenar e trocar a criptomoeda.

"Com relação a Libra do Facebook e outros desenvolvimentos em criptomoedas, nosso objetivo primordial é manter a integridade de nosso sistema financeiro e protegê-lo de abusos", disse Mnuchin.

David Marcus, que lidera o Calibra, deve testemunhar perante o Comitê Bancário do Senado na terça-feira. "O tempo entre agora e o lançamento foi projetado para ser um processo aberto e sujeito a supervisão e revisão regulatória", disse ele em um testemunho escrito, tentando atenuar as preocupações de segurança nacional ligadas a Libra.

"Quero ser claro, o Facebook não oferecerá a moeda digital Libra até que tenhamos resolvido completamente as preocupações regulatórias e recebido as aprovações apropriadas", ele acrescentou.

Mnuchin disse que, dada a natureza internacional das moedas criptografadas, os Estados Unidos vêm buscando regulamentações e supervisão internacionais que regem o uso delas.

Ele disse que o trabalho relacionado à criptomoeda tem sido "extenso" dentro da estrutura do Grupo dos 20, e que ele abordará a questão na reunião do Grupo dos Sete Ministros das Finanças esta semana em Chantilly, França.