O foguete de carga Longa Marcha 2C coloca pela quinta vez em órbita três satélites Yaogan 30-05 - uma série de satélites chineses de reconhecimento - a partir do Centro de Lançamentos de Satélites de Xichang, na província de Sichuan, a 26 de julho de 2019. Foto: IC

Assistir a um foguete gigante decolando é uma experiência inesquecível para a maioria das pessoas. Mas para aqueles que vivem longe do centro de lançamento e presentes sob a trajetória destes aparelhos, os foguetes são uma fonte de preocupação, dado que os seus detritos podem despenhar-se sobre a terra.

Os engenheiros chineses começaram a desenvolver uma tecnologia que permitirá minimizar os riscos dessas pessoas, bem como permitir que os foguetes sejam reutilizados, de acordo com os líderes do projeto na Academia Chinesa de Tecnologia de Lançamento de Veículos, o principal fabricante de foguetes da China.

Durante o mais recente lançamento de foguetes da China, na sexta-feira, a partir do Centro de Lançamento de Satélites de Xichang, na província de Sichuan, os investigadores da academia levaram a cabo o primeiro teste da queda controlada de um componente principal do foguete, segundo He Wei, um cientista de foguetes, no último domingo.

Eles instalaram um conjunto de aparelhos conhecidos como “rede de barbatanas” – asas desdobráveis, ajustáveis, com resistência a altas temperaturas – entre o primeiro e segundo compartimentos do foguete Longa Marcha 2C.

Após o primeiro compartimento de 23 metros de altura ter utilizado todo o seu combustível e se ter separado do segundo compartimento, as barbatanas desdobraram e começaram a dirigir o primeiro compartimento na sua queda de volta à atmosfera terreste, explicou He.

O cientista disse que, graças às barbatanas, os detritos do primeiro compartimento regressaram a uma área designada na província de Guizhou, acrescentando que o teste revela que a China se tornou a segunda nação, após os EUA, a possuir tecnologia do gênero para os seus foguetes de carga.

Cui Zhaoyun, vice-chefe desenhista do Longa Marcha 2C, disse que o teste de sexta-feira foi um desafio para os investigadores das barbatanas pois, em comparação com os foguetes pequenos, é mais difícil controlar a queda de modelos possantes.

Xiang Qiang, fundador da União de Microfoguetes, uma organização de investigação espacial sem fins lucrativos, disse que a tecnologia de barbatanas foi desde há muito adaptada em foguetes e armas, como mísseis balísticos. Mas antes do teste de sexta-feira, fora apenas utilizada pela estadunidense SpaceX.

Os engenheiros da SpaceX fixaram uso das barbatanas em rede, juntamente com outros aparelhos, para tornar os seus foguetes Falcon 9 reutilizáveis.

À medida que a China se torna um dos principais utilizadores de foguetes de carga, a busca de soluções para os problemas de segurança causados pela queda arbitrária de detritos de foguetes está sendo priorizada pelas agendas de investigadores.

Atualmente, as populações em áreas sujeitas à queda de detritos estão sendo evacuadas para locais seguros a cada missão de lançamento.