Por Peng Xinyun, Diário do Povo
“Uma China em movimento dispõe de vitalidade, prosperidade e desenvolvimento. Todos estamos trabalhando arduamente, em busca dos nossos sonhos”. Assim se dirigiu à nação o presidente Xi Jinping na mensagem de ano novo de 2019.
Do campo à cidade, as pessoas trilham novos caminhos e possibilidades. Da cidade para o campo, as pessoas regressam a casa para começar seus próprios negócios e desenvolver o seu lar. Dos sistemas Symbian ao HarmonyOS, o país atravessa uma revolução tecnológica. Das compras mediante atribuição de senhas ao consumo online, dos pagamentos em dinheiro aos pagamentos móveis, da televisão a preto e branco à realidade virtual, do 1G ao 5G… hoje em dia basta pegar no passaporte e rumar ao mundo… tudo faz parte do processo de globalização, tudo está em movimento.
Como, com a vastidão do seu território e população imensa, conseguiu a China fazer a transição para a “China móvel”? Quais os segredos e revelações por detrás disto?
Reforma e abertura, quebrando as barreiras da mobilidade
À reforma e abertura seguiu-se o desenvolvimento econômico e a mobilidade na China. Nas décadas de 1980 e 1990, trens repletos de passageiros rumavam à província de Guangdong, província que liderou a abertura e que contou com a maior escala de mobilidade social do país.
Hu Xiaoyan
A intenção original de Hu Xiaoyan era de partir da sua terra natal, em Sichuan, para conseguir algum dinheiro fora para conseguir pagar algumas dívidas. No entanto, a reforma e abertura da China reservaram-lhe uma oportunidade para mudar o seu destino. Partindo da base, Hu conseguiu uma posição de gestão.
Em 2008 fora selecionada como representante da Assembleia Popular Nacional e em 2012, entrava no sindicato do distrito de Sanshui de Foshan, passando a representar os “assalariados”.
Após se graduar da universidade em 2014, Cheng Mengxing decidiu desistir da oportunidade de permanecer numa grande cidade e voltou à terra natal, a aldeia de Sanjie, na província de Hubei, para se tornar uma empreendedora. No primeiro ano de negócios, graças aos moldes da sua atividade, foi galardoada pelo governo com um estímulo financeiro de 20,000 yuans.
Ao final de 2018, o número de empreendedores inovadores nas áreas rurais havia atingido os 7,8 milhões, sendo que o mesmo número nas vilas do país ascendia aos 31 milhões.
Este cenário é possível graças à junção do talento individual com fatores econômicos e distribuição de capital. De acordo com dados do Bureau Nacional de Estatísticas, em 2018, as vendas de varejo online perfizeram 9 trilhões de yuans – um acréscimo anual de 23,9%.
O investimento anual privado foi de 39 trilhões de yuans, um aumento de 8,7%. O total do volume de importações e exportações do ano foi de 30,5 trilhões de yuans, um aumento de 9,7% em termos anuais. O volume total do comércio excedeu os 30 trilhões de yuans pela primeira vez.
Projetos de construção de infraestruturas tornam mobilidade possível
Pontes, estradas, automóveis, portos, redes… O ímpeto e velocidade sem precedentes com que a construção infraestrutural ocorre no país dispersa-se pelos confins do país.
“A minha família está em Beijing, eu estou em Hangzhou. Todas as sextas-feiras, no voo das 22:00 de Hangzhou para Beijing, basicamente metade dos passageiros são engenheiros”. Trabalhando em Hangzhou, vivendo em Beijing, sempre em viagem pelo mundo – esta é a rotina dos engenheiros da Hangpai.
De acordo com os mais recentes dados, o número de viagens de turismo doméstico atingiu os 5,5 bilhões em 2018, um aumento de 10,8% em termos anuais – o número de turistas que visitaram o país foi de 141,2 milhões – 1,2% a mais que o ano transato. O número de turistas que viajaram ao exterior foi de 149,72 milhões – mais 14,7% que o ano anterior. O total de receitas do turismo foi de 5,97 trilhões de yuans, um aumento de 10,5% em termos homólogos.
Relembre-se ainda que em 1949, a extensão total de caminhos de ferro nacionais era de 18,000km. Em 2018 excede os 130,000km. O total da extensão das ferrovias de alta velocidade perfazem 2/3 do mundo, sendo que os serviços ferroviários do país foram já responsáveis pelo tráfego de 3,37 bilhões de passageiros. O número aproxima-se de metade da população global. A China ambiciona superar o marco dos 30,000km de ferrovias de alta velocidade ainda no ano de 2019.
Mecanismo de inovação institucional
De modo a promover o desenvolvimento de fluxos de alto nível, a China tem vindo a promover continuamente a inovação, expansão e eficiência dos mecanismos institucionais.
A reforma do sistema de registro domiciliar foi promovida de forma ordeira. Xiao Yang, de 37 anos, é natural de Jilin. Em 2018, obteve a permissão domiciliar, ou “hukou”, como é conhecido em chinês, através de um sistema de pontos. No mesmo ano, houve 6018 pessoas na mesma situação. A população não registrada acede hoje a uma “janela de oportunidade” na cidade, e dezenas de milhões de pessoas se instalaram na cidade, beneficiando diretamente.
De acordo com o buletim do Bureau Nacional de Estatística, no final de 2018, o ritmo de crescimento de residentes urbanos permanentes foi de 59,58%, e o registro domiciliar foi de 43,37%.
A cultura urbana moderada da igualdade, abertura e tolerância criou um ambiente relaxado e harmonioso e uma atmosfera de empreendedorismo livre.
Várias cidades nascidas das migrações, cuja representante máxima é Shenzhen, nasceram então. Com o avanço contínuo da reforma e abertura, a mobilidade e a modernização do país são cada vez mais uma realidade.
Estima-se que durante o período de rápido desenvolvimento econômico da China, entre 2003 e 2008, a taxa de contributo da migração de pessoas tenha ultrapassado os 40%.
A qualidade desses fluxos determina o tempo e o espaço do desenvolvimento econômico sustentável da China, bem como a promoção da abertura e do livre comércio internacional.