Engenheiro chinês Liu Nian (e) conversa com colegas brasileiros no local de obras do projeto de transmissão de ultra-alta-voltagem de Belo Monte, lançado pela State Grid Corporation of China no Brasil, em 7 de agosto de 2018.
São Paulo, 20 nov (Xinhua) -- Apesar de estarem separados por oceanos e continentes, a China e o Brasil promoveram o aprofundamento de sua cooperação bilateral ao longo dos anos, especialmente em investimento, comércio e finanças.
FORTALECIMENTO DO INVESTIMENTO
A China e o Brasil impulsionaram as relações de investimento nos últimos anos, e o país asiático se tornou a maior fonte de investimento estrangeiro no Brasil.
Os dois países não só estão aprofundando a cooperação nas áreas tradicionais de agricultura, eletricidade, mineração e infraestrutura, mas também estão promovendo o crescimento em novos segmentos como inovação em tecnologia e economia digital.
No mês passado, a gigante brasileira de telecomunicações Oi colocou em prova a tecnologia 5G da companhia chinesa Huawei durante um festival local de música, o maior teste da tecnologia no Brasil.
O site AliExpress, do gigante chinês de internet Alibaba, tornou-se uma das plataformas mais populares do Brasil para o comércio eletrônico transfronteiriço. A companhia chinesa de internet Tencent e a plataforma móvel de transporte DiDi também investiram em empresas brasileiras.
Finalmente, a participação dos países latino-americanos, incluindo o Brasil, na construção conjunta do Cinturão e Rota proporcionará uma grande oportunidade para que estes fortaleçam sua cooperação com a China em investimento, assinala Oliver Stuenkel, especialista em relações internacionais da Fundação Getulio Vargas do Brasil.
CRESCENTE COMÉRCIO
Embora a economia global esteja enfrentando pressões para baixo, o comércio bilateral entre a China e o Brasil continua aumentando, dado que ambos os países estão comprometidos com a abertura de seus mercados.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil e o maior mercado de exportação do país há uma década. Em 2018, o comércio bilateral atingiu um recorde de US$ 100 bilhões, mostram os dados oficiais.
O pão de queijo, que é o item de café da manhã e lanche favorito do Brasil, atualmente está disponível em cafeterias da China, graças à primeira Exposição Internacional de Importação da China (CIIE, em inglês), realizada no ano passado em Shanghai.
Em maio, o principal fabricante de pão de queijo do Brasil, Forno de Minas, transportou seu primeiro contêiner de 10 toneladas de pão de queijo à China, abastecendo as cafeterias de Shanghai. Dois meses depois, a companhia levou um segundo lote de 18 toneladas à China.
O Brasil também está dedicado à abertura, otimizando seu ambiente empresarial. Li Tie, gerente geral da sucursal brasileira da BYD, uma importante fabricante chinesa de veículos elétricos e baterias, aponta que o governo brasileiro promoveu ativamente as reformas da lei de previdência social e trabalho e que está planejando realizar reformas fiscais.
A China e o Brasil devem fortalecer mais suas relações econômicas e comerciais, que são frutíferas e de benefício mútuo, avalia Sergio Segovia, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
COOPERAÇÃO FINANCEIRA
Os dois países fortaleceram a cooperação no setor financeiro.
Em setembro, o governo brasileiro relaxou as restrições sobre o estabelecimento de instituições financeiras. O Banco XCMG, afiliado ao Xuzhou Construction Machinery Group da China, tornou-se o primeiro banco estrangeiro aprovado pelo banco central do Brasil depois da publicação da nova regra, e a taxa de participação acionária estrangeira é de até 100%.
Wang Yansong, vice-presidente do XCMG, revela que a instituição levará a cabo no Brasil serviços de arrendamento financeiro, entre outros, e que ajudará as companhias a reduzirem os riscos cambiais e custos financeiros.
Conforme cresce o comércio transfronteiriço, as companhias de tecnologia financeira de ambos os países realizam uma cooperação mais profunda, como a parceria entre a companhia brasileira de pagamentos financeiros, Ebanx, e a AliExpress, para oferecer a seus consumidores soluções de pagamentos transnacionais.
Em 2018, a Ebanx tratou de 35 milhões de transações transfronteiriças relacionadas com os comerciantes chineses, assinala seu cofundador e diretor financeiro, Wagner Ruiz. Ele espera que a companhia possa ajudar os comerciantes chineses a venderem mais na América Latina no futuro.
A reunião de líderes do BRICS é uma oportunidade excelente para que o Brasil aprofunde os negócios, o investimento e a cooperação financeira com a China e outros países do bloco, ressalta Marcos Trojan, secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia do Brasil.