A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta na segunda-feira (22) sobre os perigos do novo coronavírus, mesmo quando a França retornou à normalidade realizando um festival anual de música e permitindo a volta às aulas de milhares de crianças.
Apesar de vários países europeus reduzirem cada vez mais suas restrições de bloqueio, os casos em todo o mundo continuam aumentando, especialmente na América Latina, com o Brasil registrando agora mais de 50.000 mortes.
Também há temores de uma segunda onda, com os australianos sendo advertidos contra realizar viagens para Melbourne.
"A pandemia continua acelerando", disse o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao fórum virtual de saúde organizado por Dubai nos Emirados Árabes Unidos.
"Sabemos que a pandemia é muito mais do que uma crise de saúde, é uma crise econômica, uma crise social e, em muitos países, uma crise política.
"Seus efeitos serão sentidos nas próximas décadas".
Ghebreyesus afirmou que a maior ameaça que o mundo enfrenta não é o vírus em si, que já matou mais de 465.000 pessoas e infectou quase nove milhões em todo o mundo, mas "a falta de solidariedade global e liderança global".
"Não podemos derrotar essa pandemia com um mundo dividido", afirmou. "A politização exacerbou a pandemia".
O Brasil se enquadra nessa categoria, com o presidente Jair Bolsonaro comparando o vírus a uma "pequena gripe" e argumentando que o impacto econômico das paralisações é sempre pior do que o próprio vírus.
O Brasil é o segundo país mais afetado, ficando atrás dos Estados Unidos, outro país onde lutas políticas impediram uma política unificada para lidar com o vírus.
A disseminação da Covid-19 está acelerando na América Latina, com o México, o Peru e o Chile tendo sido atingidos com força, com o número de mortos aumentando e as unidades de saúde entrando em colapso.
A Cidade do México atrasou a reabertura de mercados, restaurantes, shoppings, hotéis e locais de cultos religiosos, com o país registrando agora mais de 20.000 mortes por Covid-19.
Destacando os problemas da região, o Peru sofreu 8.000 mortes no domingo (21), apesar de reabrir shopping centers na segunda-feira.