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Texto completo: Discurso do presidente chinês Xi Jinping na 12ª Cúpula do BRICS

Fonte: Xinhua    18.11.2020 08h29

O presidente chinês Xi Jinping discursou na terça-feira na 12ª Cúpula do BRICS em Beijing via link de vídeo.

Veja a tradução do texto completo do discurso.

Sua Excelência o Sr. Presidente Vladimir Putin,

Sua Excelência o Sr. Primeiro-Ministro Narendra Modi,

Sua Excelência o Sr. Presidente Cyril Ramaphosa,

Sua Excelência o Sr. Presidente Jair Bolsonaro,

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao Presidente Putin e Governo Russo pela organização atenciosa da cúpula. No mundo de hoje, entrelaçam-se a pandemia do século e as enormes mudanças nunca vistas nos últimos cem anos e a configuração internacional está mudando de maneira profunda. Neste momento crucial, a presente cúpula é de importância especial porque ela proporciona uma ocasião para discutirmos uma resposta conjunta à COVID-19 e traçarmos o blueprint para o desenvolvimento do BRICS.

A COVID-19 constitui uma grande ameaça a vidas e segurança dos povos, e o sistema da saúde pública global é severamente desafiado. A sociedade humana está sofrendo a pandemia mais grave em um século. O comércio e investimento internacionais registram contração aguda, o fluxo de pessoas e bens são impedidos e os fatores de instabilidade e incerteza não param de surgir, e a economia mundial enfrenta a maior recessão desde a Grande Depressão nos anos 30 do último século. O unilateralismo, o protecionismo e a prática de bullying agravam-se. Os déficits de governança, de confiança, de desenvolvimento e de paz continuam aumentando.

Apesar de tudo isso, estamos confiantes de que a paz e o desenvolvimento continuam sendo um tema principal da nossa época, e que a multipolarização e a globalização econômica são tendências irreversíveis. Devemos pensar mais sobre o bem-estar do povo e seguir a visão da comunidade de futuro compartilhado da humanidade, e construir juntos com ações concretas um mundo melhor.

Primeiro, devemos persistir em multilateralismo, e salvaguardar a paz e a estabilidade do mundo. A história nos ensina que, a persistência em multilateralismo, equidade e justiça pode evitar guerra e conflito, enquanto o unilateralismo e a política de poder agravam disputas e confrontos. A ignorância de regras e normas, o seguimento de unilateralismo e bullying, e a retirada das organizações e acordos internacionais não só contrariam o desejo comum dos povos, como também atropelam os direitos legítimos e a dignidade dos países.

Perante a escolha entre o multilateralismo e o unilateralismo, e entre a justiça e a hegemonia, nós, os BRICS, devemos defender a equidade e justiça internacionais, erguer no alto a bandeira do multilateralismo, salvaguardar os propósitos e princípios da Carta da ONU, defender o sistema internacional centrado na ONU e a ordem internacional baseada no Direito Internacional. Todos os países devem superar a ideologia e respeitar os sistemas sociais, modelos econômicos e caminhos de desenvolvimento que cada país escolha conforme a sua realidade. Devemos promover o conceito de segurança comum, integral, cooperativa e sustentável, resolver divergências através de consultas e negociações, rejeitar a ingerência nos assuntos internos dos outros países, e dizer não a sanções unilaterais e jurisdição de longo braço. Com esses esforços, vamos criar um ambiente pacífico e estável para o desenvolvimento.

Segundo, devemos persistir em união e coordenação, e superar os desafios colocados pela COVID-19. Atualmente, o coronavírus afeta o mundo inteiro e continua ressurgindo, e a vitória global exige ainda mais esforços árduos. Após aproximadamente um ano de luta, muitos países têm acumulado experiências preciosas no controle da epidemia e conquistado avanços óbvios em pesquisa e desenvolvimento de vacinas e medicamentos. As nossas práticas de quase um ano provam que com a união e resposta baseada na ciência, podemos conter a propagação e superar os efeitos da COVID-19.

É importante continuarmos colocando as pessoas e a vida em primeiro lugar e protegê-las com todos os recursos à nossa disposição. É importante reforçar a resposta internacional conjunta, compartilhar informações e trocar experiências para conter a propagação do vírus. Devemos apoiar o papel chave de liderança da Organização Mundial da Saúde (OMS). As empresas chinesas estão realizando ensaios clínicos em Fase III de vacinas respectivamente com os parceiros russos e brasileiros. Estamos também dispostos a cooperar com os parceiros da África do Sul e da Índia. A parte chinesa aderiu ao Instrumento de Acesso Global a Vacinas da COVID-19 (COVAX facility, em inglês), e vai compartilhar nesta plataforma vacinas com os outros países, sobretudo os em desenvolvimento. Vamos considerar ativamente o fornecimento de vacinas aos membros do BRICS que têm essa necessidade. Para apoiar o desenvolvimento de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Vacinas do BRICS, a China já designou o seu próprio centro. Vamos trabalhar com os outros países do BRICS, de modos online e offline, para levar adiante os trabalhos relativos a vacinas, incluindo pesquisa, desenvolvimento e ensaio conjuntos, estabelecimento de fábricas, autorização de produção, e reconhecimento mútuo de padrões. Proponho a convocação de um simpósio de medicinas tradicionais, para melhor estudar o seu papel em prevenção e tratamento da COVID-19. Eles podem reforçar o arsenal global na luta contra o vírus.

Os fatos provam que politizar e estigmatizar a COVID-19, ou transferir a culpa e empurrar a responsabilidade para outros só disturbam a cooperação global contra o vírus. Nós, os BRICS, devemos substituir divisão com união, e preconceito com racionalidade, para eliminar o “vírus político” e conjugar o maior esforço possível no combate conjunto à COVID-19.

Terceiro, devemos valorizar abertura e inovação, e promover a recuperação econômica global. O FMI prevê que, no ano corrente, a economia mundial recuará 4,4%, e os mercados emergentes e países em desenvolvimento terão o primeiro crescimento negativo nos últimos 60 anos. Controlar a pandemia e simultaneamente estabilizar a economia são tarefas primordiais para todos os países. Na condição de manter o vírus sob controle, devemos promover a recuperação econômica e realizar atividades econômicas e sociais de forma ordenada, enquanto mantemos alerta a qualquer ressurgimento. Devemos reforçar a coordenação das políticas macroeconômicas, implementar a iniciativa de facilitação do fluxo transfronteiriço de pessoas e bens, garantir a segurança e bom funcionamento das cadeias industriais e de suprimentos e apoiar a retomada de negócios e a recuperação econômica nos nossos países.

Usar a COVID-19 como pretexto para advogar a “desglobalização”, “desacoplamento econômico” ou “sistemas paralelos” só vai resultar em prejuízos ao seu próprio país e aos interesses comuns de todos. Perante a situação atual, devemos permanecer comprometidos com a construção de uma economia mundial aberta, defender o sistema comercial multilateral que tem a Organização Mundial do Comércio como o núcleo e opor-se ao abuso do conceito de segurança nacional para fins protecionistas. Devemos aproveitar as novas formas e modelos de negócios catalisados pela pandemia, reforçar a cooperação em inovação científica e tecnológica e criar um ambiente de negócios aberto, equitativo, justo e não-discriminatório, para realizar um desenvolvimento comum de melhor qualidade e maior resiliência.

A parte chinesa está disposta a trabalhar com todas as partes, para acelerar a construção da Parceria do BRICS para a Nova Revolução Industrial (PartNIR). Vamos estabelecer o Centro de Inovação da PartNIR, na cidade de Xiamen, Província de Fujian, para aprofundar a cooperação nas áreas de coordenação das políticas, formação dos profissionais e desenvolvimento dos projetos, entre outras. A participação dos membros do BRICS é bem-vinda. A parte chinesa lançou a Iniciativa Global sobre a Segurança de Dados, que visa promover a construção conjunta de um ciberespaço pacífico, seguro, aberto, cooperativo e ordenado e promover o desenvolvimento saudável da economia digital. Esperamos poder contar com apoio dos países do BRICS.

Quarto, devemos priorizar o bem-estar do povo, e promover o desenvolvimento sustentável global. Desenvolvimento é a chave principal para resolver todos os problemas. Seja mitigar o impacto da COVID-19, restaurar a normalidade, seja pacificar conflitos ou resolver crises humanitárias, tudo depende do desenvolvimento centrado no povo. O Banco Mundial prevê uma queda de 3,6% de renda per capita mundial em 2020, uma população de 88 milhões a 115 milhões cairá na pobreza extrema por causa da pandemia.

Temos de enfrentar diretamente os desafios causados pela COVID-19, impulsionar a comunidade internacional a colocar a implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU no centro da cooperação internacional de desenvolvimento, bem como ter a erradicação da pobreza como meta primordial e canalizar mais recursos para as áreas de redução da pobreza, educação, saúde, infra-estrutura, entre outras. Devemos apoiar a ONU no desempenho de seu papel de coordenação, e promover a construção de parcerias de igualdade e equilibradas do desenvolvimento global, para que os frutos de desenvolvimento beneficiem mais países em desenvolvimento, e que as necessidades dos grupos vulneráveis sejam melhor atendidas.

Quinto, devemos procurar o desenvolvimento verde e de baixo carbono, e promover a coexistência entre o homem e a natureza. O aquecimento global não vai parar por causa da pandemia, por isso, não podemos afrouxar nem por um momento os esforços para enfrentar as mudanças climáticas. Temos de implementar bem o Acordo de Paris, persistir no princípio de “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, e oferecer mais assistências aos países em desenvolvimento, sobretudo aos pequenos estados insulares em desenvolvimento. A China está disposta a assumir responsabilidades internacionais condizentes com o seu nível de desenvolvimento, e continuará envidando grandes esforços no combate às mudanças climáticas. Anunciei na ONU que a China aumentará suas Pretendidas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, sigla em inglês), adotará políticas e medidas mais fortes, e se esforçará para que o pico das emissões de dióxido de carbono seja atingido antes de 2030 e que a neutralidade do carbono seja atingida antes de 2060. Vamos honrar as nossas palavras!

Colegas, 

A quinta Sessão Plenária do 19º Comitê Central do Partido Comunista da China que concluiu há pouco, deliberou e aprovou as Propostas para a Formulação do 14º Plano Quinquenal para o Desenvolvimento Econômico e Social Nacional. A Sessão Plenária destacou que a China concluirá a construção integral de uma sociedade moderadamente próspera dentro do prazo estabelecido e embarcará em uma nova jornada no ano que vem em direção à construção de um país socialista moderno. Com base em uma análise científica do novo estágio de desenvolvimento no qual a China se encontra, continuaremos comprometidos com a nova filosofia de desenvolvimento. Promoveremos ativamente a formação de um novo paradigma de desenvolvimento no qual a circulação doméstica é o pilar e as circulações doméstica e internacional se reforçam. Vamos redobrar os esforços para ampliar a demanda interna, aprofundar integralmente a reforma, e promover a inovação científica e tecnológica, para aumentar a força motriz para o desenvolvimento econômico no país. A porta da China ao exterior, ao invés de se fechar, estará cada vez mais aberta. Vamos procurar mais vigorosamente a integração ao mercado global e a cooperação internacional, a fim de criar mais oportunidades e espaço para a recuperação e o crescimento da economia mundial.

Somos todos passageiros no mesmo barco. Quando o vento estiver forte e a maré estiver alta, precisamos remar juntos ao mesmo rumo e ao ritmo certo. Eis a única forma para navegarmos e viajarmos firmemente para um futuro mais brilhante.

Obrigado. 

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